O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro mariliense José Antonio Dias Toffoli, disse em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo” que a operação Laja Jato destruiu empresas e que “o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente”.
A entrevista exclusiva ao jornal mostra uma análise crítica do ministro, que acumula a função de presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com muitos elogios mas restrições à mais famosa operação de investigação judicial do país.
“A Lava-Jato foi muito importante, desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção, não há dúvida. Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha”, disse Toffoli.
O ministro Mariliense disse ainda que o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente. O “Poder Judiciário é o poder mais transparente” e casos como a prisão dos desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) não aconteceria se dependesse do Conselho Nacional do Ministério Público (CNJ) “até pouco tempo”.
Toffoli falou ainda sobre o presidente Jair Bolsonaro, disse que mantém “um discurso permanente para a base que o elegeu”, mas que também tem capacidade de diálogo.
O presidente do STF disse ainda que a votação sobre prisão em segunda instância estava liberada para pauta há muito tempo e com a proximidade de aposentadoria dos ministros Maro Aurélio (relator) e Celso Mello, houve pedido na casa para a votação.
A entrevista provocou manifestações de procuradores. Roberto Pozzobon, integrante da força-tarefa da operação, disse que “a Lava Jato não destruiu empresa nenhuma”.
Segundo o procurador, a operação descobriu “graves ilícitos práticos por empresas e responsabilizou, nos termos da lei. A outra opção seria não investigar ou não responsabilizar. Isso a Lava Jato não fez.”,