Marília

Tribunal condena ex-delegado por desvios e quadrilha em Marília

Ex-delegado washington Menezes chega à Justiça para audiência em Marília – Reprodução
Ex-delegado washington Menezes chega à Justiça para audiência em Marília – Reprodução

A 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região em São Paulo reformou uma sentença absolutória para condenar o ex-delegado a Polícia Federal em Marília, Washington da Cunha Menezes, por desviar material apreendido com sacoleiros e formação de quadrilha.

Na mesma sessão o Tribunal manteve outras duas condenações contra o ex-delegado e outros policiais federais, além de uma condenação do advogado João Simão Neto, por crimes investigados pela Operação Oeste.

As condenações são resultado da Operação Oeste, uma das maiores ações da PF na região, que em 2005 e desmantelou quadrilha formada por agentes federais e estaduais de segurança pública, delegados de polícia civil, advogados, policiais e particulares que cometiam crimes.

Por mais de uma vez, Washington da Cunha Menezes e Emerson Luís Lopes foram demitidos pela Polícia Federal, e Emerson Yukio Ide e Celso Ferreira tiveram cassadas suas aposentadorias.

Segundo o processo, policiais federais em Marília tomaram itens de informática trazidos do Paraguai por sacoleiros. Os cinco réus haviam sido absolvidos em primeira instância, o recurso do MPF foi aceito.

Com a decisão, o TRF condenou o ex-delegado federal Washington da Cunha Menezes e os ex-agentes de polícia federal Emerson Luis Lopes, Emerson Yukio Ide e Celso Ferreira, além do agente de polícia Sandro Ricardo Ruiz pelos crimes de quadrilha armada e peculato.

Os cinco acusados receberam pena de 5 anos e 10 meses de reclusão, em regime fechado, além pena de multa, com perda de todos os cargos públicos.

O crime ocorreu em maio de 2001 na rodovia Raposo Tavares. Quatro ônibus foram parados na estrada pela equipe do ex-delegado Menezes às 10h. Entretanto, só um ônibus foi apreendido e conduzido à delegacia da Polícia Federal em Marília.

Em nenhum momento, os policiais pediram para que os passageiros identificassem o que pertencia a cada um. Durante a “operação”, o motorista viu produtos de informática serem retirados dos outros três ônibus que foram liberados e colocados no bagageiro e no corredor do veículo que dirigia.

CONDENAÇÃO E PENAS MANTIDAS

Em outro processo da Operação Oeste, o Tribunal manteve a condenação do delegado e do advogado João Simão Neto por corrupção ativa. Ambos receberam penas 2 anos e 8 meses de reclusão, além de multa. A pena privativa de liberdade foi substituída por prestação de serviços à comunidade, bem como prestação pecuniária no valor de R$ 10.000,00 para cada réu.

O ex-delegado da Polícia Federal Washington da Cunha Menezes é acusado neste processo de receber R$ 20 mil do advogado João Simão Neto para “atrasar” depoimento e não indiciar um empresário investigado por sonegação de impostos.

Também foram mantidas condenações por outro caso que ficou famoso na cidade: o sumiço de jóias apreendidas após buscas na empresa de um joalheiro da cidade, avaliadas em torno de US$ 600 mil.

Segundo a denúncia do MPF, Menezes e os três agentes, com base em uma falsa denúncia anônima, realizaram busca e apreensão na fábrica Franco Jóias, de Roald Brito Franco, que era acusado falsamente pelos ex-policiais de ser um doleiro e receptador de jóias roubadas da Caixa.