Marília

Vamos falar de buracos?

Vamos falar de buracos?

Você provavelmente  pensa em problemas enormes da cidade que deveriam ser pensados, debatidos e resolvidos, ainda mais hoje, quando a Câmara discute o orçamento de R$ 840 milhões que na prática deve beirar R$ 1 bilhão em 2015 (o orçamento sempre é subestimado, o que dá uma liberdade para usar o tal “excesso de arrecadação”, sabia não?). Mas eu vou falar mesmo é de buraco.

A cidade que viveu uma estiagem preocupante – afinal apareceu em diferentes discursos dias e dias – vive agora um período de chuvas. E se com estiagem as ruas ficaram parecendo queijo suíço, imagine como será depois das chuvas.

É, a água e o movimento dos carros nas poças gravam o problema, arrastam terra, deixam asfalto oco, sujam mais as casas, os caros etc. Além de ser horrível passar de carro, moto, bicicleta, jumento ou a pé pelas ruas esburacadas.

Mas a culpa não é só do abandono não. A rua onde passa ônibus no bairro Altos Palmital está toda esburacada. As paralelas não. Ou seja, provavelmente o asfalto não estava lá muito bom para aguentar o peso e a movimentação. Pode isso Arnaldo?

Antigamente, um popular e empolgado orador que foi prefeito, costumava dizer ainda na oposição que os bairros estavam parecendo o Vietnã. A cidade cresceu, modernizou, o cenário muda. Provavelmente agora deve estar mais para Iraque, Afeganistão. A gente só espera que fique mais parecida com a Europa antes de ficar como o deserto da África.

Um bocadinho mais sobre a dita

Assumindo o risco de ser repetitivo, vou falar mais um bocadinho sobre os debates pós relatório da Comissão Nacional da Verdade, um documento bacaninha que conseguiu arrancar críticas à esquerda e à direita. Mas não é sobre o documento que vou falar não, é só mais algo para os fãs da dita cuja – a ditadura – pensarem.

O modelo de polícia que o sistema repressor criou deu uma liberdade aos policiais que redundou nos abusos de violência, no uso de um sítio particular de um delegado – que inclusive comprou lancha pouco antes de morrer – e de seguranças em diversos pontos indo a celas buscar presas para estupros como quem vai ao açougue e escolhe um bife.

Mas a cidade conheceu um pouco melhor o tipo de polícia que o sistema criou. Circulou por aqui nos idos de 80, a feliz figura de Josecyr Cuoco, que saiu do Dops e da equipe do Sérgio Fleury para montar o famigerado Grupo Anti Sequestro.

Fez um oba oba que rendeu quase cem investigados por contrabando, no meio da apuração caiu em um esquema de corrupção e enquanto tentava ganhar dinheiro fácil não prendeu ninguém, nenhum contrabandista caiu naquela operação e ainda arrebentaram uns e outros na pancada por aí.

O mais bacana é que qualquer um dos investigados ou dos envolvidos no esquema da corrupção era exatamente de esquerda, todo mundo fã da dita cuja e todos vítimas do modelo.

Ah, esqueci de falar lá em cima, mas pergunte aos delegados hoje se o salário dá para comprar sítio, lancha, bancar noitadas e tal. A ditadura realmente fazia milagres.