Marília

Votação final da privatização já tem data marcada e 20 propostas de emendas

vereadores durante sessão para primeira votação do projeto – Rogério Martinez
vereadores durante sessão para primeira votação do projeto – Rogério Martinez

A Câmara de Marília faz na próxima segunda-feira os debates e segunda votação  do projeto de lei 25/2015 que permite à prefeitura conceder para a iniciativa privada a exploração dos serviços de abastecimento e captação de água além de coleta e destinação final de esgoto na cidade.  

A novidade nesta votação é a apresentação de 20 emendas, todas feitas pelos três vereadores de oposição – Cícero do Ceasa (PT), com dez emendas, Mário Coraíni Júnior (PTB) e Wilson Alves Damasceno (PSDB), com cinco emendas cada.

São propostas para mudar a forma de reajuste do preços incluindo exigência de aprovação pela Câmara, uma tentativa de reduzir o tempo de concessão de 35 para 20 anos ou uma proposta para exigência de obras como a troca de toda a tubulação da cidade, entre outras sugestões de ajustes. Há ainda emenda para que a lei diga especificamente que a empresa que assumir os serviços será responsável pelo atendimento aos distritos, já que o projeto cita apenas área urbana.

A tendência é que as emendas sejam rejeitadas em um processo que deve provocar um ritual curioso de governistas levantando-se a cada votação. Serão necessárias 20 votações neste modelo. A medida mais polêmica da administração pública em muitos anos já foi aprovada em primeira discussão.

Ainda assim, movimentos sociais, ONGs e partidos de oposição prometem manter a pressão sobre os vereadores governistas que aprovaram a medida por dez votos contra três. Divulgação de vídeos para mostrar mudança de opinião, pressão de servidores, presença maciça na sessão são algumas das medidas.

O QUE VEM DEPOIS

Com ou sem as emendas, a aprovação não representa privatização imediata, mas abre possibilidade para uma série de medidas até a transferência dos serviços para a iniciativa privada. A primeira  delas é o rompimento com a empreiteira OAS, responsável pelas obras de implantação da rede de tratamento e esgoto. A empresa está envolvida no escândalo nacional revelado pela operação Lava Jato e também em conflito direto com a prefeitura com acusações de calote e falta de investimentos.

A aprovação abre ainda processo de reestruturação do Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília). Responsável pelos serviços hoje, o departamento passará a ser apenas uma agência de regulação e fiscalização. Os cargos de direção serão transformados, além da criação de cinco cargos de gerência com servidores efetivos nomeados para funções com gratificação extra.

A aprovação do projeto também abre caminho para um longo e detalhado processo de licitação da privatização. A concessão deve passar ainda por uma audiência pública, um longo período de divulgação e debate do edital de concessão e todo o processo de licitação.

A expectativa na administração é que toda a fase burocrática esteja resolvida até março de 2016.