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Câncer de mama: resultado do tratamento difere no SUS e rede privada

Envato Elements/Divulgação Tratamento de câncer de mama apresenta resultados diferentes no SUS e na saúde suplementar
Envato Elements/Divulgação Tratamento de câncer de mama apresenta resultados diferentes no SUS e na saúde suplementar


Um estudo realizado com a participação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) revela diferenças significativas nos resultados de tratamentos de câncer de mama em mulheres assistidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e pela saúde suplementar, que engloba os serviços privados prestados por planos de saúde. Na avaliação comparativa de pacientes submetidas à quimioterapia neoadjuvante antes da cirurgia para a retirada do tumor, o número de mulheres com resposta patológica completa, ou seja, ausência de tumores na mama e na axila, é superior na saúde suplementar.

“Um fato relevante identificado na pesquisa é a falta de acesso a alguns medicamentos entre as pacientes tratadas no SUS”, observa o mastologista André Mattar, da SBM. “Hoje em dia, essas drogas são importantes para aumentar a sobrevida dessas mulheres e para reduzir recidivas [retorno ou recorrência do câncer]”, acrescenta.

O artigo foi publicado na revista médica The Breast . Realizado entre 2011 e 2020, ele envolveu 1.891 pacientes diagnosticadas de todos os subtipos, atendidas em dois serviços de referência no tratamento da doença no Brasil: o Hospital Pérola Byington (SUS) e o Hospital do Servidor Público Estadual (privado), ambos localizados na cidade de São Paulo.

Autor do estudo, juntamente com André Mattar e companhia, o mastologista Marcelo Antonini, membro da Comissão de Tratamento Sistêmico da SBM em São Paulo, afirma que a pesquisa é relevante porque evidencia a resposta patológica completa “como um desfecho favorável para as pacientes”.

No entanto, ao investigar os efeitos do procedimento entre mulheres assistidas pelo SUS e pela saúde suplementar, os pesquisadores constataram discrepâncias importantes. “No tratamento oferecido no hospital privado, com os medicamentos não disponíveis no SUS, cerca de 90% das pacientes tiveram taxas maiores de resposta patológica completa. Na instituição que atende o SUS, foram aproximadamente 60%”, cita Antonini.

Um fato destacado pelos pesquisadores diz respeito ao acesso às medicações oferecidas no tratamento de câncer de mama nos dois sistemas de saúde. “Uma dessas drogas é o trastuzumabe, um anticorpo monoclonal usado para um tipo de câncer específico chamado de HER2+”, comenta Mattar. Mas outros medicamentos utilizados nos casos em que não há uma resposta patológica completa ainda não estão disponíveis no SUS: “Um deles, inclusive, usado para HER2+, já tem a aprovação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), mas ainda não foi disponibilizado”, diz o médico.

“No tratamento do câncer de mama, há o que chamamos de ‘sobrevida global’ e ‘sobrevida livre da doença’. O tratamento realizado com a utilização da quimioterapia neoadjuvante e os medicamentos mais avançados podem contribuir, efetivamente, para a resposta patológica completa”, ressalta Marcelo Antonini. “Sem dúvida, seria um alento se houvesse uma aplicação ampliada desses recursos no Sistema Único de Saúde, principalmente quando estimamos 73.250 novos casos de câncer de mama no Brasil até o final deste ano”, conclui.

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Fonte: Mulher