Mulher

Competição entre adolescentes

Competição entre adolescentes

Esse carnaval trouxe mais uma vez uma discussão velha e batida e que não foi ultrapassada: rivalidade feminina.

Confesso que tenho dificuldade em enxergar essa rivalidade, talvez por ter sido criada só por uma mulher e com uma irmã, num ambiente estritamente feminino em que não tínhamos essa disputa dentro de casa.

A rivalidade por mim foi percebida em minha adolescência, morávamos na grande São Paulo e minha mãe por decorrência dos empregos que arrumava, fazia mudanças constantes, portanto, minha irmã e eu vivíamos como duas macaquinhas, pulando de galho em galho.

Para duas adolescentes essas mudanças assemelhavam-se a torturas, para minha irmã era mais fácil, sempre foi mais extrovertida que eu, para mim, realmente, era como se fosse receber chicotadas nas novas escolas.

Quem já foi adolescente e quem é, sabe o quanto um ser desse, possuído pelos demônios dos hormônios, pode ser maldoso.

Pois bem, as duas patricinhas, nunca fomos, morávamos em periferia, vendíamos o almoço para comer a janta, padrãozinhas, metidas e cdfs querendo causar e tomar nosso espaço nessa escola.

Meninas que não gostavam da gente, que viravam o nariz ou que queriam nos bater porque nós existíamos, eram aos montes.

Pior, eu sempre fui inábil para brigas e afins, apanhava fácil de qualquer uma que resolvesse me dar uma sova porque eu era bonitinha.

Era? Nem sei, considero que essa seja a razão, porque dinheiro, não tinha, roupas boas também não, então era porque, talvez, fosse bonitinha.

Há dúvidas quanto a isso.

Saindo da adolescência, fui percebendo esse comportamento em rodas sociais, ou até em qualquer saidinha ao mercado, lá estava ela, cheia de competição e em busca de aprovação do olhar masculino olhando para mim.

Já participei de muitos círculos sociais em que se uma mulher, bem ou mal vestida, sexy ou descolada, padrão ou não padrão, chegasse lá estavam os olhares e dedos apontando seus defeitos.

O que ganhamos quando mostramos algo que não consideramos tão bonito no outro?

Será que realmente é por causa do olhar masculino ou por que temos inveja de quem apontamos os erros?

Bem, isso é só para dizer que mesmo quando não somos nós as praticantes ou quem corrobora essa atitude, temos que  ter  cuidado para não sermos as incentivadoras de tais práticas.

No caso que agora ganhou notoriedade, Bruna-Neymar-Anitta, vi muitas postagens de mulheres julgando a Anitta inclusive xingando a mesma por ter ficado, ou não, com a genitália de ouro do Neymar.

Esclarecendo algumas coisas, Neymar e Anitta estão solteiros, portanto, beijam, acasalam, fazem o que bem entendem, e ninguém, absolutamente, tem nada a ver com isso.

As duas são mulheres lindas, inteligentes e bem sucedidas em suas carreiras, Neymar não é degrau para nenhuma das duas.

Então parem de corroborar a rivalidade e briga entre mulheres, ainda mais envolvendo um homem, como se o mesmo fosse um prêmio, nós sabemos que não é.

Vamos para de apontar a saia curta de alguém, o vestido decotado, seja lá o que for, o corpo da fulaninha é dela, não é seu.

Viu uma mulher muito bonita, aquela de parar o trânsito, está com seu bofe e fica insegura quanto ao olhar dele, pense que aquele tipo de mulher, talvez nunca olhe para ele e que você já é mulher demais para o caminhãozinho dele que está com o estepe e a carroceria meio detonada.

Rivalidade por causa de homem, não né gente?

Quem é que te empresta o absorvente na hora do sufoco? Que ajuda você fechar aquele zíper do vestido no banheiro do bar?

Ou que dá aquela olhadinha para ver se tua calça continua intacta?

Quem conversa contigo sobre tuas dúvidas sexuais e te dá aquelas dicas para  você sentir prazer?

Quem vai tomar um sorvete, suco, cerveja ou comer um fast- food barato só para conversar contigo e saber está bem ou não?

Alguns termos ganharam reconhecimento nos últimos anos e outros ficaram démodé, rivalidade feminina,  está out, em desuso, sem graça.

Que possamos enaltecer as outras, isso não tira nada de nós, só nos acrescenta.  O julgamento vem para todas e se não pararmos o ciclo ficaremos repetindo uns comportamentos juvenis para o resto de nossas vidas.

Adolescente, só é suportável quando  está dentro da faixa etária,  deixei minha adolescência e as meninas raivosas para trás, hoje, se perceber a rivalidade quanto a mim, chamo para conversar ou fazer uma caminhada juntas.

Você pode não gostar de mim, mas precisa ter motivos para isso, gratuitamente, aconselho a procurar uma terapia, essa dificuldade de crescer é um problema.

E competição por atenção é coisa de criança de sete anos, deixemos que elas exerçam sua infância, quanto a nós, que possamos ser adultos, bons adultos.