Dignos de ser amados.

Quando a gente termina uma relação a tendência é fazermos uma avaliação , uma análise de tudo que vivemos.

Nos questionarmos sobre nossos erros, comportamentos. Onde foi que eu errei, o que preciso melhorar, será que sou controladora mesmo? Será que sufoquei a pessoa com meu ciúme e excesso de zelo?

As ponderações são importantes e fazem parte do nosso crescimento e maturidade, questionar- se permite revisar atitudes, comportamentos para que não se repitam em outra relação.  É muito positivo esse momento autorreflexivo.

Mas até para a autoanálise há que se ter bom senso e controle, senão assumimos toda a responsabilidade e frustração por algo que, às vezes, nem está nas  nossas mãos.

Vamos lá,  se você vive uma relação saudável de respeito mútuo e afeto, a relação pode acabar por inúmeros motivos e que, não necessariamente, um dos dois precise ser responsabilizado.

O amor pode ter recebido nova significação e ficar juntos já não traz felicidade para os dois, daí, a atitude mais ponderada e sábia, é dar um fim nessa relação tal qual ela se configura.

No entanto, se a relação é doentia, permeada por brigas, ausência de respeito, compamheirismo, traições e mentiras, faz- se necessário balancear tudo que foi posto e realmente, se responsabilizar, ou não, pelo fim.

Como posso saber se agi de forma errada e desrespeitosa com o outro já que as dores são diferentes para as pessoas?

Você desrespeitou seu parceiro? Mentiu ou traiu sua confiança de alguma forma? Deixou ele na vigesima posição na lista de prioridades? Como de fato você levou essa relação?

Já me culpei bastante por términos em relações usando como justificativa o pensamento de que sou uma mulher difícil de amar. Meus queridos, e quem é fácil de amar?

Somos um emaranhado de confusões, complexos, traumas, somado a tudo isso ainda cheios de defeitos.

Essa não pode e nem deve ser a razão pela qual você se julga inapto ao amor, mesmo diante de tudo isso somos seres dignos de ser amados.

O mau caratismo somado a aspectos culturais e sociais é que torna alguém imaturo para dar e receber amor. Sim, porque tem pessoas que não conseguem ser amadas, já dizia Herbert Viana, saber amar é saber deixar alguém te amar.

Tem gente que nem pra isso serve, na hora da dor, é óbvio que acabamos repudiando a relação e o tempo perdido nela. Mas quem perdeu?

Você se entregou, foi verdadeiro, íntegro, honesto, permitiu que o amor transbordasse e considera que perdeu?

Não, amigo, perdeu nessa relação quem viveu ela e estava com a cabeça e o coração voltados para outras coisas, outras pessoas, baladas, saidinhas, menos para você e o compromisso  que em algum momento assumiram.

Terminar uma relação é sempre doloroso, tenho um amigo que me confessou que toda vez que sai de um relacionamento parece está voltando da guerra, só os trapos, abatido, sem vontade de viver.

Não sei quanto a vocês, mas essa pessoa aqui é do mesmo jeito,  assim acontece porque houve envolvimento e entrega.

E depois com as reflexões e autoanálises descobrimos que ficamos mais maduros, lidamos melhor com as perdas, com a morte de um amor e nos sentimos mais forte.

Mas é necessário essa pausa pra si mesmo, descobrir se  houve encontro ou perda nesse relacionamento.

Fechar- se pra balanço e só voltar quando tiver com o coração preparado para um novo amor, um novo cheiro, outro sorriso, pode ser um outro ser ou pode ser o seu mesmo.

E fique tranquilo, dói, mas amor não mata, você só está sendo lapidado para amar de forma melhor e pessoas melhores.

Não se condene por ter sido tudo que podia, você pôde, quem brincou com todo esse afeto nem condições teve.

E quem dá amor nunca sai perdendo, muda essa perspectiva. Nas relações não existem perdedores, há aqueles que viveram uma relação genuína e aqueles que nem sabiam o que estavam fazendo ali.

Você viveu algo real, triste foi quem teve a possibilidade e estava distraído demais para perceber, que bom que você estava atento.

Para alguns o amor passa como mero transeunte, para outros, o amor faz morada, enfeita a casa e acende a lareira e no final ainda te enlaça com um  abraço.

A casa tá vazia agora, mas logo recebe visitas.