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"Eu me masculinizei para jogar o jogo", diz Fernanda Carbonari

Divulgação Fernanda Carbonari, Managing Director da Blackhawk Network Brasil
Divulgação Fernanda Carbonari, Managing Director da Blackhawk Network Brasil


O brinco grande na orelha pode passar despercebido, mas Fernanda Carbonari faz questão de chamar a atenção para o detalhe, que traduz em imagem uma nova conduta da executiva. Há alguns anos, ela não se permitia feminilidades no ambiente de trabalho, mas isso mudou, assim como sua conduta se tornou mais feminina na visão e na liderança. Fernanda Carbonari é Managing Director da Blackhawk Network Brasil, responsável por toda área de América Latina. Está na empresa desde 2012, onde foi responsável pela criação de um novo mercado.

Desde o começo da carreira, até antes, na faculdade de Engenharia da Poli, se viu cercada de homens por todos os lados. No ano 2000, assumiu a área de logística do Submarino, quando os negócios na Internet eram livro, cd e dvd. “O centro de distribuição era um ambiente masculino, Fiquei 7 anos na área de logística, fui pra Vivara. Mesmo sendo uma rede de joalheria, o setor de distribuição era masculino. Estive também na Privalia, quando estavam começando os e-commerce de nicho. Em todos esses ciclos, trabalhei novos projetos. Hoje sou responsável por toda a operação de América do Sul na Blackhawk”, conta.

Essa percepção de ambientes mais masculinos ou femininos, diz Fernanda, é recente. “Para trilhar nessas áreas de logística, tecnologia e pagamentos, eu me masculinizei para jogar o jogo. Suprimi o que tem de mais feminino, a linha das emoções, e fui pela dureza, pelo pragmatismo. Suprimi, mas não se falava disso, não tem 5 anos esse discurso de gênero”, acredita a executiva.

“Eu fui mãe, das duas vezes que fui mãe, voltei da licença e fui promovida. Observando em mim e vendo o mundo é um reflexo, pessoalmente ando acreditando demais no que é mais feminino, temos a chance de usar a nosso favor”, avalia Fernanda.

Ela conta que tem duas funcionárias que acabaram de voltar da licença maternidade, um momento repleto de inseguranças, mas, como gestora, acredita ser a melhor líder para esse momento. “Não preciso esconder, tenho de usar o que tenho de mais feminino ao meu favor. Intuição, afetividade, liderança afetiva. Suprimi isso em mim pois não podia ser vista como alguém permissiva. Hoje, acredito que só soma mais variáveis”, revela.

Usar esse poder do relacionamento, diz Fernanda, muda as relações também com clientes. “Nós estamos lidando de pessoas com pessoas, com características femininas. Isso é bom para os negócios. Tem um impacto positivo em relação ao outro, muda os negócios”, analisa a executiva. “O que vale é relação entre as pessoas.”

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Fonte: Mulher