Meramente humana.

Tempos atrás  entrávamos na internet, nas redes sociais, para  nos distrairmos. Rir dos memes, das postagens engraçadas, fazer publicações cômicas.

Hoje, para rir, se divertir, levar a vida mais leve, precisamos sair da internet.

Virou campo minado de todos os lados. Uma censura de pensamentos, expressões. É necessário seguir uma cartilha para não levar o famoso cancelamento.

Na realidade, precisamos ser perfeitos, não podemos errar, falhar em nada.

Você pode ser tudo na internet, menos humano. Toda semana alguém é cancelado, linchado, sua vida virtual revirada e nos encontramos lá na Bíblia, com Jesus dizendo ” aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra.”

Longe de mim bancar a religiosa agora, no entanto considero que estamos um tanto quanto atrasadinhos, não?

Continuamos reverberando comportamentos que não podem mais fazer parte de nossa vivência e cotidiano.

As notícias se repetem num constante revirar de olhos, pelo menos os meus, linchamentos, virtuais e reais, violências ( as mais variadas, do Estado com o povo, dos representantes do Estado com o povo, do povo contra o povo), opressões de classe, cor, raça, sexo.

Haja meme para substituir tanta coisa ruim. Isso quando não conseguem problematizar um meme e sua vida, caro colega, se transforma num inferno.

Existem os fiscais de memes, posts e até de comentários.

Você vai linda e prosa comentar o post do coleguinha, eis que surge, das entranhas do inferno, o problematizador.

Aquele que vai  encher o saco por um comentário. Não bastasse,  irá vistoriar sua vida virtual, tirar print, postar no perfil dele ou dela, te criticando e, ainda, enviar o dito print para grupos de ódio onde você será dissecada.

Bem-vindo às redes sociais, terra onde jogamos todas nossas frustrações com a vida real, que não são poucas.

Onde nos encorajamos a falar besteiras, ofender, agredir o outro.

Achamos que estamos no Mundo da Lua do Lucas Silva e Silva, onde tudo pode acontecer.

Mas não, há leis para exposições de pessoas, nudes vazados, pedofilia, discursos de ódio.

Temos que admitir que o país está feito um carro sem freio e que não sabemos onde irá bater,  que é difícil acreditar em qualquer coisa na terra Brasilis.

Mas algumas coisas ainda existem para coibir esse mal que se apodera dos usuários da internet.

Tal qual o pacato Pateta que ao se sentar atrás do volante de um carro encarna um ser agressivo e violento.

Assim somos nós atrás de nossas telas de luz branca.

Achamos que assumimos uma divindade que está acima do bem e do mal.

Nos tornamos mau caracteres, chatos e otários quando pensamos que estamos protegidos por uma tela?

Somos capazes de dizer e reproduzir em nossa vida real tudo que postamos? Somos grandes falácias buscando autoafirmação, nosso  próprio Clube da luta, nunca abandonamos nosso lugarzinho no grupinho da oitava série.

Sempre tem uma Maria Madalena para apedrejar, principalmente quando é a personificação  de quem somos, meramente humanos. Odiamos nossa humanidade.