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Motivos para continuar vivendo

Motivos para continuar vivendo

Uns dizem que é frescura, outros que é falta de Deus, alguns outros dizem que é preguiça, falta de um tanque ou de um chão para carpir.

Uma doença que mexe com aspectos neuroquímicos e que necessita de remédios, as pessoas classificam como mera falta do que fazer ou “está querendo chamar atenção”.

Você aí do outro lado deve, com certeza, imaginar do que estou falando, sim Depressão, o mal do século e que tem levado muitas pessoas a tomar atitudes drásticas, tais como o suicídio.

A cada 45 minutos uma pessoa se suicida no Brasil, numa escala mundial, isso ocorre a cada 40 segundos.

Não irei elencar os motivos que levam as pessoas a fazer esse tipo de coisa, a dor do outro não pode ser medida nem quantificada.

O que dói em um pode parecer um motivo besta para o outro, precisamos respeitar essa condição.

Pessoas se suicidam, e uma das razões é porque estão deprimidas, e assim estão por outras tantas razões que desconhecemos.

Nesse final de semana assisti um Documentário chamado Todas as coisas que brilham (2016) que trata exatamente das duas coisas que acima escrevi, Depressão e Suicídio.

Mas ao contrário da maioria dos documentários e filmes que problematizam essa temática, esse é extremamente sensível, leve e bonito. Conta a história de uma menino/homem que escreve uma lista de pequenas alegrias para a mãe que tem depressão crônica.

A lista vai desde se vestir como um mexicano a ouvir a música que mais gosto.

Os motivos são os mais variados e o ator Jonny Donahoe brilha utilizando a comédia e sacadas  dramáticas bem medidas.

Vamos combinar que o assunto não é o mais agradável e que se pudéssemos sair pela tangente só de ler ou ouvir sobre quaisquer um deles, assim o faríamos.

Não sei quanto a vocês, mas estou na lista daqueles que já planejaram a morte e pensaram como executá-la e tremo só de pensar que posso ter vontade de acabar com tudo novamente.

Quem desiste de si mesmo não é covarde, está sofrendo, sente dor e fará qualquer coisa para que esse sofrimento termine, o suicídio entra como a resolução do mal.

Não cabe a qualquer um de nós julgar a dor alheia em hipótese alguma, não sentimos na pele o que o outro sente, não temos os mesmos problemas, a mesma criação, a mesma história, como já disse o cantor, o dono da dor sabe quanto dói.

Podemos sim ser um ponto na lista imensa que alguém faz para continuar vivendo, obviamente, não temos responsabilidade pela vida do outro e pelas escolhas dele, sempre é importante lembrar isso, mas nossas relações podem ser um pouco mais saudáveis, cheias de respeito e solidariedade, seja com quem for.

E nesse mundão de meu Deus, encontrar pessoas que se importam, respeitam, te ouvem e te olham com humanidade, reconhecendo que é tão humano quanto você, é como ganhar na loteria umas três vezes.

Aí do outro lado não sei quais razões te levam a pensar em desistir, aliás, desejo que você nem queira conjugar esse verbo, no entanto, se algum ensaio de que já deu pra você tem passado nessa cabecinha, vou deixar alguns motivos meus que fazem continuar tentando brincar de viver e não levar tão a sério essa piada que ás vezes parece que foi a mais bolada e que vez em outra, parece de muito mau gosto.

Vamos lá, anotem as minhas, completem e depois me enviem a de vocês.

O sorriso de um bebê, o pezinho de um bebê, o cheiro de bebê, qualquer coisa de um bebê.

O sorriso dos meus sobrinhos, o abraço deles, o beijo deles, o Eu te amo deles.

O abraço de quem a gente ama, comida de mãe, ter uma irmã, rir com ela, sair com ela.

Cheiro de alho fritando, de pipoca, de café, de bolo no forno.

O beijo de quem a gente ama, o toque, o sorriso, o olhar.

A risada de qualquer pessoa que a gente ama, o abraço, o cheiro.

Tomar água, comer seu prato favorito, dormir na sua cama com um cobertor bem quentinho num dia de frio, tomar um banho gelado no calor.

Ler Manoel de Barros, Adélia Prado, José Saramago, Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, entre tantos outros.

Fazer o que gosta, mesmo que não receba nada em troca, escrever, cantar, desenhar, costurar.

A lista poderia continuar, mas necessito findar o texto, no entanto, quero nomear os motivos principais que fazem com que continue apesar de qualquer sentimento e sentido.

Minha mãe, Dani, Elana, Lívia, Rafa, Alice e Tati, as coisas mais lindas, meus banhos de cheiro, minhas representações de amor, meus colos, aconchegos, beijos e meus eu te amos de todos os dias, por vocês vale à pena, por vocês essa lista segue e por vocês ela é reinventada.

Se todo o resto faltasse, teria 7 motivos para continuar.

E como disse Manoel de Barros, o meu amanhecer vai ser de noite, o meu veio várias vezes quando o sol estava se pondo, o seu está aí chegando, só espere amanhecer, não deixe de ver os sóis.