Lidamos bem com todas as pessoas, ou quase a totalidade delas.
Fazemos um esforço imenso para exercer a empatia, colocar-se no lugar do outro, racionalizar seus comportamentos, atitudes.
Somos tão complacentes e benignos com as falhas dos outros, sempre existe , ah, não se pode culpar ele/ela por uma falha ou ato bobo.
Há que se reconsiderar determinados comportamentos, temos que avaliar porquê sicrano fez determinada coisa.
Conosco mesmo somos uns monstros, os apedrejadores da Geni, ela é boa de apanhar, ela é feita para cuspir.
De onde tiramos a ideia absurda que o outro merece ser perdoado e nós não?
Certo é que ninguém nos conhece como nós mesmos, sabemos que muitas vezes queremos pegar o pescoço de alguém e apertar, conhecemos como somos invejosos, maledicentes, falsos, hipócritas.
No entanto, sabemos quando somos bons caracteres, humildes, generosos e quanta compaixão temos com a dor do outro.
Ainda assim, somos algozes ferozes de nossa própria persona.
Sou ré confessa, vivo me sacaneando, me difamando, me torturando e me apontando, enquanto com os outros sempre tento relativizar as falhas de caráter.
Acredito que há um momento em que temos que dar um stop nisso, dizer um basta nesse auto flagelo.
Inda agora, deitada em minha cama, início de tarde, ainda não consegui levantar.
Já chorei horrores me torturando, me humilhando e tentando me culpar por uma vida que escolhi em certos aspectos. Escolhemos todos os sentidos da vida?
Se você soubesse que aquela escolha lá atrás te traria exatamente onde você está, teria feito ela mesmo assim?
Somos meros tateadores, andamos às cegas, tocamos em certos aspectos na trajetória e consideramos que pode ser bom, suculento, apetitoso, e dali fazemos tal caminho, nunca sabemos se vai dá certo, sempre supomos.
Vamos nos direcionando considerando que seja o melhor caminho.
É um tiro no escuro, não sabemos em que ou no que vai acertar.
Então por que essa tirania com alguém que é tão, às vezes até mais, perdido?
Você, eu, nós, estamos tentando todos os dias fazer dá certo, fazer valer nossas escolhas.
Não seja tão duro consigo mesmo, você está sendo o melhor que pode, o máximo que consegue.
Está dando tudo o que pode a sua família, amigos, ao seu amor.
Para de ser tão bonzinho com os outros, às vezes o outro não merece tanto, você não o conhece como a si mesmo. Se você se conhecendo consegue, hora ou outra, se admirar. É você a pessoa que merece esse olhar de aconchego, de empatia e de cuidado.
Não se culpe por está onde está, você contou com a escolha às escuras que a vida te deu, ela oferta caminhos e não bola de cristal.
Como diz O Fortuna Carmina Burana de Carl Orff, hac in hora, sine mora, corde pulsum tangite; quod per sortem, sternit fortem, mecum omnes plangite!
Não irei traduzir para que ouçam essa obra-prima e descubram o que estou falando. Mas a vida é breve!