Passaram-se dois anos desde que parei de sentar em frente ao computador, às vezes um celular, noutras um bloco de notas, para escrever.
E faz dois anos que sinto falta de fazer isso todos os dias.
Leio os outros, mas necessito escrever para me organizar mentalmente e para jogar a quem me lê, tudo que não consigo processar aqui dentro.
Eis-me aqui novamente, é terapêutico e me aproxima das pessoas, sou antissocial de carteirinha, não gosto das interações sociais, o máximo de contato humano que me permito são com três a cinco pessoas, para além disso, quero um lugar para me esconder e evitar qualquer troca de energia humana.
Gosto dos seres humanos mas me canso das pessoas como me canso de mim muitas vezes e, me permito cansar dos outros também.
Há um limite para suportar os outros.
A escrita é um único meio que me permito fazer conhecida e encontrar muitas pessoas.
O mais louco nisso tudo é que na minha estranheza encontro muitas identificações. Quantas pessoas vieram até mim dizendo que sentiam falta dos meus textos e que se identificavam.
Como assim? Há pessoas tão esquisitas quanto eu? Há. Somos todos excêntricos, esquisitos, estranhos.
Uns com a dificuldade de interação, como no meu caso, outros com a necessidade de contato humano o tempo todo, como tantos outros que conheço.
Volto escrever na esperança de ter contato com o mínimo contato possível.
Seria viável isso? Não sei. Vou descobrindo o caminho conforme ando.
Retorno com o coração cheio de descaminhos, de perguntas e uma única certeza, talvez a única que tenha na vida. Eu devo mesmo fazer isso.
Textos eventuais por aqui e reflexões diárias nas redes sociais – no Instagram e no Facebook – .