Nem sempre o assunto a ser tratado é gostosinho ou fácil de ler, é claro, tal qual o poeta Manoel de Barros (1916-2014), há momentos em que temos que procurar encantos na vida e exaltá-los, se assim for possível.
No entanto, há momentos em que a realidade faz questão de se mostrar presente, daí uma leitura de Charles Bukowski (1920-1994) é muito mais apropriada.
Hoje, no baile das loucuras cotidianas vou convidá-lo à realidade, e, minha amiga e amigo, ela não tem sido nada boa.
Você sabia que só no mês de janeiro deste ano 109 mulheres foram assassinadas por seus companheiros?
Tem conhecimento que somos o 5° país, num ranking de 83 países, que mais matam mulheres?
Em 2017, 4.600 mulheres foram assassinadas!
É indigesto, eu sei, horrível ler esses dados, pior ainda, imaginar que por trás desses números, das estatísticas, há vidas que foram ceifadas.
Soma-se a isso o fato que a maioria das mulheres deixam filhos, mães, pais, irmãos, sonhos, projetos de vida.
Daí a gente se pergunta: o que leva um cara, que muitas vezes nem tem passagem pela polícia, acabar com a vida de sua companheira, a mãe de seus filhos, aquela que, pretensamente, ele escolheu para ficar ao seu lado?
Aquela que ele dividiu projetos e sonhos, pensaram num lar juntos, a que gerou por 9 meses um filho seu.
São monstros, são desprovidos de conhecimento?
Triste dizer,são humanos como eu e você, há que se acabar com essa mania tola que temos de tentar explicar o inexplicável.
Não existe justificativa para matar uma companheira, você pode até tentar elaborar a melhor possível, não há.
Não foi porque ela provocou, não foi porque usou uma roupa curta, não foi porque disse “oi” a um amigo, não foi porque não quis transar, não foi porque disse não em uma festa.
Foi porque esse cara achou que essa mulher era propriedade dele. Agora, abram bem os ouvidos, entendam como se eu estivesse gritando isso: NINGUÉM É PROPRIEDADE DE NINGUÉM.
Isso mesmo, em caixa alta para que todos entendam. Se você não consegue entender isso, melhor procurar um terapeuta, dá uma resolvida nesse seu problema aí.
Porque nenhuma mulher ou homem é propriedade sua.
A vida de nenhuma pessoa pertence à outra, resolva suas questões emocionais, trabalha aí sua masculinidade que está bastante frágil.
Até onde tenho conhecimento todos nós viemos de uma mulher, quando foi que você passou a considerar que mulher é inferior a você e que não tem vontade própria?
Faça o percurso contrário, meu parça, o errado é você!
Você erra quando não vê uma mulher como dona de sua vida e escolhas, quando considera que ela existe para sua satisfação e enfeitar o seu passeio.
Erra ao não repensar suas condutas e fazer com que uma mulher engula suas vontades.
Os tempos mudaram, as mulheres acompanharam essas mudanças,não adianta querer ser um homem da caverna, não há relação possível entre duas figuras tão distantes no tempo.
Então, seguindo a máxima do Chico Buarque eu te digo, “por isso, para o seu bem, ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem.”
Se não dá conta de conviver com uma mulher, não apague o brilho dela.