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Violência doméstica: Como os casos afetam a vida dos filhos

Reprodução Ana Hickmann e Alexandre Correa são pais de Alezinho, que presenciou violência contra a mãe
Reprodução Ana Hickmann e Alexandre Correa são pais de Alezinho, que presenciou violência contra a mãe


Em um cenário marcado por desafios familiares, é extremamente importante se manter atento em como as questões entre os pais podem e vão afetar os filhos. De acordo com a Advogada de família, Barbara Heliodora, é fundamental direcionar a atenção para o impacto direto nas crianças, que frequentemente testemunham episódios que vão além da esfera adulta.

“É equivocado pressupor que os pequenos não compreendem ou passam despercebidos em meio às tensões cotidianas, isso precisa ser desconstruído”, afirma Barbara. Muitas mulheres, movidas pelo desejo de manter a família unida, enfrentam obstáculos significativos ao lidar com relacionamentos que, inicialmente, podem se manifestar como abusivos. A complexidade dessa dinâmica vem de uma teia de fatores, como a dependência emocional e a esperança de uma transformação do parceiro.

“Ao analisarmos essas situações, é essencial reconhecer que as mulheres, motivadas pelo amor à família, muitas vezes hesitam em tomar medidas de separação. Essa relutância pode ser alimentada pela dependência emocional, preocupações com o impacto na família ou a dedicação aos filhos. Nesse contexto, o agressor, por vezes, rejeita buscar ajuda, enfrentando um preconceito que os impede de reconhecer a necessidade de apoio psicológico ou psiquiátrico”, explica a advogada. E, em meio a isso tudo, os filhos do casal acabam enfrentando situações prejudiciais.

E quando falamos de violência, é importante destacar e entender que vai além da agressão física. Abrange a violência psicológica, a manipulação e até mesmo o tom de voz. Crianças absorvem essas nuances, ainda que silenciosamente. Portanto, mesmo diante das inúmeras questões entre os pais, é muito importante que os adultos compreendam a necessidade de preservar as crianças em um contexto tão delicado como esse.

Segundo Barbara, é crucial estar sempre atenta às dinâmicas, pois qualquer ação do parceiro pode evoluir para um relacionamento abusivo, transformando em casos mais graves de violência física. “O processo muitas vezes se desenrola gradativamente, em um ciclo onde a mulher, imersa na dependência emocional e na tentativa de preservar a família, permite que a situação atinja níveis alarmantes”, acrescenta ela. E até quanto se deve manter um relacionamento fracassado, pelos filhos?

“É preciso entender que as crianças prezam, acima de tudo, pela felicidade e estabilidade dos pais, não por um ambiente permeado por conflitos. E a análise cuidadosa dos sinais de um relacionamento abusivo se torna uma ferramenta poderosa para interromper o ciclo prejudicial antes que atinja estágios irreversíveis”, explica a especialista, que aproveita para reforçar a urgência de identificar sinais precoces e agir, promovendo não apenas a conscientização, mas também a implementação de medidas preventivas que evitem a escalada para situações mais graves. “E não hesite, violência em sua forma que for deve ser denunciada para não só a sua proteção mas como dos filhos e de futuras vítimas”, declara.

Como agir em casos em que a criança presencia esses situações

Para a advogada, o primeiro passo é se conscientizar de que, muitas vezes, mesmo com precauções, é possível não perceber a presença e sensibilidade das crianças. “É recomendado, se possível e desejado pelos pais, buscar apoio psicológico para as crianças. É uma medida que visa facilitar o processo de separação e luto de maneira respeitosa. O objetivo é garantir a saúde psicológica das crianças, mantendo o afeto entre os pais com respeito e consideração”, diz Barbara.

Portanto, o apelo aqui é para que, apesar das dificuldades, que os pais sejam cuidadosos na preservação das crianças. Evitar discussões na presença delas, reconhecendo que absorvem mais do que se imagina, e buscar a orientação de profissionais da psicologia são passos cruciais. “Esse cuidado não apenas protege o bem-estar emocional das crianças, mas também orienta os adultos na delicada tarefa de explicar e esclarecer dúvidas, promovendo assim um ambiente mais saudável e compreensivo para todos os envolvidos”, finaliza.

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Fonte: Mulher