Primeiramente peço desculpas pelo meu “desaparecimento”, mas estava preparando os últimos detelhes para a chegada do meu pequeno Miguel, ao qual dedico esta coluna. Sem maiores delongas, vamos ao assunto: deficiência física é realmente limitador da vida?
Certa vez Mahatma Gandhi profeçou que “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte”. Na coluna desta semana conteramos a história de superação do servidor público Fabiano Boghossian Esperança, psicólogo do Ministério Público do Estado de São Paulo, o qual nasceu com microftalmia, uma alteração de desenvolvimento caracterizada pela redução do tamanho do bulbo ocular.
Natural de Penapolis-SP, ante as limitações daquela cidade quanto à educação especial, foi necessário o ingresso em uma escola na cidade de Araçatuba com a base educacional em braile. O segredo segundo Fabiano não foi deixar a limitação física superar a vontade de viver, sendo que desde pequeno aprendeu a se desenvolver normalmente, inclusive nas brincadeiras com as demais crianças. Aprendeu cedo que a limitação não seria o motivo para deixar de lutar por seus ideais.
A maior mudança ocorreu no inicio da antiga quinta série, atual sexta série: “essa adaptação foi difícil porque era o único aluno especial e levava a maquina de braile para ir anotando as explicações dos professores. A maior dificuldade era nas matérias de exatas, pois precisava decorar as formulas e fazer as contas de cabeça, pois não visualizava as equações. A superação também se fez presente no inicio de cada ano letivo, pois era preciso se adaptar a novos colegas de classe, assim como ao seu espaço físico.
Mas a grande virada em sua vida ocorreu quando ganhou de um tio um computador com um programa desenvolvido pelo professor Antonio Borges da Universidade Federal do Rio de Janeiro que transforma textos em áudios. Desde 1993, um grupo do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ se dedica a desenvolver programas voltados para pessoas com deficiências físicas. O projeto completa 20 anos e rendeu a criação de vários softwares, dentre eles o Dosvox, voltado para pessoas cegas, e o Motrix, para usuários com deficiências motoras graves. Todos são gratuitos e compatíveis com Windows. (saiba mais AQUI ).
A partir desse momento era só escanear as lições de sala de aula e o computador fazia a transformação. Esse foi o método utilizado para ser aprovado no Enem para o curso de psicologia na Unip de Araçatuba em 2001.
Durante a faculdade, pegava os livros na biblioteca e os escaneava no final de semana. O lado difícil era que alguns exemplares a qualidade ficava prejudicada a leitura pelo programa. Após se formar, em 2007, ingressou no mercado de trabalho e decidiu continuar com os estudos: cursou pos-graduação em Recursos Humanos na Unilins e outra pós-graduação em Psicologia e Saúde pela Unesp, além de ser mestre em Psicologia pela mesma universidade estadual.
A aprovação em concurso público ocorreu para o cargo de psicólogo pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, estando atualmente lotado na cidade de Araçatuba, sempre utilizando o mesmo método de estudo. Além de praticante assíduo de corrida (10k), Fabiano é um defensor de melhores oportunidades para pessoas com deficiência visual, fazendo parte do Rotary Club XV de Março, além de prestar serviços voluntários na área de psicologia para a “Organização Unidos pela Vida”.