A escola sem partido realmente é apartidária ou é, de nascença, conservadora?
Uma ilusão de neutralidade talvez lhe coubesse melhor, pois é fato que não é neutro aquele que toma uma posição de forma tão veemente – ilusão que, por sua vez, é a mais doutrinadora de todas, embora tente parecer contrária.
A doutrina dessa “nova” escola é a cegueira da consciência política e social. Ora, que indivíduo se forma vindo de uma instituição onde aquilo que rege sua sociedade sequer pode ser tratado?
Que tipo de cidadão será formado quando ele vive num meio onde é submetido a uma única ideia, a familiar, se está preso a ela pelo conceito de verdade incontestável?
O vassalo familiar, formado numa nova Idade média – cada família um novo feudo –, tem seus pais como senhores feudais. Suas crenças vêm da “nova” Igreja Católica e os filhos, sujeitos a ser como e o que ditarem, são os servos de pensamentos que não lhe pertencem; mas, que são herdados, impostos.
Neste contexto, a Escola sem Partido vai contra um dos mais importantes direitos pautados no Estatuto da Criança e do Adolescente:
“ART. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, prepara-lo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, […]” (ECA, p. 42)
É natural inferir que a Escola sem Partido é a formação de um novo tipo de cidadão, o nati-morto, tão incapaz de atuar socialmente como se sequer existisse e, sobretudo, inflado de tabus (preconceitos) e meias verdades.
Entretanto, é fato que hoje a escola não é perfeitamente capaz de cumprir com seu dever de propulsora da razão, principalmente quando se trata da escola pública.
As escolas públicas não possuem a mesma estrutura de instituições particulares, pelos mais diversos fatores, inclusive a pouca motivação dos profissionais que nelas atuam, com baixos salários e nem mesmo o mínimo incentivo.
Obtém-se aí outra problemática: hoje, ser professor é considerado “dar errado na vida” segundo os dizeres populares, mesmo que estes sejam formadores de todos os demais profissionais.
O que esperar, então, de uma categoria tão desvalorizada? Obviamente, não a qualidade, ou, a vontade de ensinar. A educação atualmente carece de valorização e não de ideias controladoras.
Bibliografia
Estatuto da Criança e do Adolescente, 2012.
Jéssica Frocel
Estudante secundarista em Porto Velho/Rondônia.