Em dois estados da região norte a diversidade cultural esteve em evidencia em janeiro 2015. O patrimônio material e imaterial está na base de identidades culturais e de experiências sociais únicas no Brasil. Nós encontramos testemunhos desta singularidade no reconhecimento oficial das línguas indígenas, em Roraima, e na urgente e necessária preservação das instalações da Fordlândia, a cidade-empresa erguida para a produção de madeira e borracha, no Pará. Em ambos os casos as ações decisivas passam pelas mãos dos poderes públicos, federais e municipais. A cobrança depende de iniciativas do Legislativo e do Judiciário. A pressão deve brotar sempre na sociedade civil.
A voz dos indígenas
Sobreviventes da violência, discriminação, pilhagem das terras, matanças e as doenças dos colonizadores, os povos indígenas no Brasil ingressam no século XXI com disposição de afirmação social e cultural. Já são três os municípios a reconhecer a presença indígena e promover a sua inclusão pela cidadania. Agora línguas indígenas já são reconhecidas como co-oficiais em: Bonfim/Roraima, Macuxi e Wapixana; São Gabriel da Cachoeira/Amazonas, Nheengatu, Tucano e Baníua; Tacuru/Mato Grosso do Sul, Guarani. Tradutores e intérpretes, placas de sinalização, atendimento ao público, leis e livros, tornam-se obrigatórios em línguas indígenas, juntamente com o português.
Nos barrancos da cidade
A cidade construída às margens do rio tapajós, em 1928, pelo empresário Henry Ford encontra-se em ruínas. Abandonada nos anos 1940 sofre, hoje, depredação e vandalismo dos vestígios materiais desta aventura na floresta amazônica. Ford sonhava criar ali uma comunidade ideal, laboratório de trabalho e da vida cotidiana, regida pelas normas e valores deste industrial criativo. A sua utopia revelou-se inoperante nas condições locais, ambientais e culturais. O Ministério Público Federal já alertou o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a prefeitura de Aveiro, no Pará. É deles a responsabilidade pelo exclusivo e original patrimônio da Fordlândia.