A notícia de que um saci contou que o guapuruvu vai ser tombado pelo conselho do patrimônio histórico da cidade deixou os amigos da quase centenária árvore felizes da vida.
O episódio dá a dimensão e o astral que ganhou a luta pela preservação de uma árvore com estimados mais de 80 anos e mais de 30 metros de altura, num bairro central de São José do Rio Preto, noroeste de São Paulo.
De fato, a árvore é um estrondo de bonita. Uma belezura da natureza. Com a chegada da primavera, de longe se vê sua copa florida, amarela, imponente, majestosa, bela. Impossível não contemplar a paisagem.
Mais conhecida no sudeste por guapuruvu, em outras regiões do país recebe outros nomes, como guarapuvu, garapuvu, guapiruvu, garapivu,guaburuvu, ficheira, bacurubu, badarra, bacuruva, birosca, faveira, pau-de-vintém, pataqueira, pau-de-tamanco e umbela.
A árvores não está na lista de espécies com risco de extinção. O que se argumenta em defesa de sua integridade é a idade e, consequentemente, o tamanho do exemplar, equivalente a altura de um prédio de dez andares.
Desde o primeiro semestre, quando a área em que está plantada foi destinada a construção de duas torres de apartamentos, a comunidade ambientalista da cidade se mobiliza para impedir a derrubada.
A empreendedora do projeto imobiliário, num primeiro momento, chegou com voracidade. De uma só vez, cortou dois pés de ipês, um de farinha seca e um de guapuruvu menor.
Na área, máquinas jogaram ao chão uma casa construída nos anos 1950 pelo então deputado Maurício Goulart que hospedou, entre outras celebridades, João Goulart, Jânio Quadros, Carlos Lacerda, Maísa, Francisco Egídio, Gianfrancesco Guarniei e Agnaldo Rayol.
Até o final do ano passado, a casa abrigava uma oficina cultural do Estado.
Quando se preparavam para derrubar a árvore maior, chegou a Política Florestal para impedir. Os “desmatadores” não tinham autorização da Cetesb para o corte. Foram multados em míseros R$ 300 por árvore morta.
O pedido para regularizar documentos abriu tempo para a comunidade se mobilizar. Desde então, ambientalistas e admiradores da árvore buscam medidas de toda ordem, que vão de abaixo-assinado eletrônico na internet, página no facebook, a medida judiciais e pedido de tombamento, como patrimônio cultural e ambiental.
Para não cair no silêncio e no vazio, de tempos em tempos, duas a três vezes por mês, são promovidos “abraços” no gigantesco tronco da árvore, como neste domingo, Dia das Crianças.
Como se estivessem num conto de fadas, nesses abraços todos se irmanam num clima mágico de admiração e mesmo de idolatria pela árvore. O ambiente ficou mais alegre ainda com o recado do saci.