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Bradesco, Atacadão e mais 27 são investigadas por fraudes com lei Rouanet

Bradesco, Atacadão e mais 27 são investigadas por fraudes com lei Rouanet

Bradesco e Atacadão, grupos com negócios em Marília, e mais 27 empresas suspeitas de envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos cultural através da Lei Rouanet  foram alvos hoje (27) de uma operação de busca e apreensão autorizada pela 3º Vara Federal em São Paulo. Segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal (PF), os prejuízos tenham chegado a R$ 25 milhões.

A ação foi um desdobramento da Operação Boca Livre, deflagrada em junho, que revelou o esquema de fraudes no sistema de renúncia fiscal para fomento à cultura conduzido pela produtora Bellini Cultural. Segundo a delegada Melissa Pastor, que comanda as investigações, nessa fase o foco foi nas contrapartidas ilícitas recebidas pelas patrocinadoras.

Os recursos, que deveriam apoiar projetos culturais acabavam sendo usados, essencialmente, para a promoção das empresas, segundo Melissa. “Na maior parte dos casos, o interesse era um evento institucional ou a utilização dessa verba como verba de caráter corporativo mesmo”, disse.

As empresas atuavam, segundo a delegada Melissa, em conluio com o grupo Bellini para desviar os recursos públicos. “Há fortes indícios de que a maior parte dos patrocinadores tinha conhecimento [das fraudes].”

A partir dos documentos apreendidos hoje, a delegada acredita que possam ser descobertas novas fraudes. “Os resultados dos mandatos de busca e apreensão podem mostrar fraudes em outros projetos que nós não sabemos”, disse ela, ao destacar que algumas empresas patrocinaram vários projetos ainda sob investigação.

Os artistas pagos para participar dos eventos corporativos não estão, segundo a delegada, sob suspeita. “Não há indícios da participação deles”, ressaltou. De acordo com ela, em muitos casos os músicos não tinham nem como saber se havia recursos da Lei Rouanet investidos nos eventos.

“Constatou-se que recursos públicos federais e estaduais foram desviados em proveito da associação criminosa e de alguns patrocinadores. As fraudes praticadas pelo grupo BELLINI CULTURAL, para fins de de desvio de recursos públicos, para uma melhor compreensão, foram dividas em cinco: Superfaturamento, Serviços e produtos fictícios, Projetos duplicados, Utilização de terceiros para proposição de projetos e Contrapartida às empresas patrocinadoras.“

Ainda segundo a polícia, todo conjunto probatório formado aponta para a existência de uma associação criminosa especializada no delito de estelionato contra a União, com o fim precípuo de desviar recursos públicos da Lei Rouanet.

Veja a lista de empresas e os valores já levantados com shows corporativos, eventos em clubes, casas noturnas e até colégios de classe A em São Paulo.


Show de Roberto Carlos no Clube Pinheiros é um dos pagamentos investigados; segundo PF artistas não conheciam fraudes – Reprodução

FURUKAWA – R$ 305mil
BANCO FIBRA – R$ 410 mil
AÇÃO INFORMÁTICA – R$ 352 mil
CIPATEX – R$ 90 mil
IND. GRÁFICA FORONI – R$ 320 mil
TERMOMECÂNICA SÃO PAULO – R$ 2,5 milhões
BRADESCO – R$ 590 mil
GIVALDAN – R$ 742 mil
FOSFÉRTIL – R$ 743 mil
BANCO PINE – R$ 968 mil reais
RASSINI – R$ 852 mil
AKZO NOBEL – R$ 1,8 milhão
VOLKSWAGEN – R$ 2,75 milhões
BIOLAB – R$ 247 mil
CISA TRADING S/A – R$ 100 mil
ATACADÃO – R$ 2,4 milhões
TÊXTIL CANATIBA LTDA – R$ 1,99 milhão
PRYSMIAN – R$ 180 mil
ARNO – R$ 170 mil
DOW QUÍMICA – R$ 717 mil
ELEKEIROZ – R$ 958 mil
MAGNA – R$ 260 mil
WABCO – R$ 74 mil
FOSFÉRTIL – R$ 3.719.716,00
BANCO CONCÓRDIA S/A – R$ 150 mil
CORREIAS MERCÚRIO S/A – R$ 263,4
PERDIGÃO S/A – R$ 730 mil
YOKOGAWA – R$ 145 mil