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Câmara vota abertura de impeachment contra Dilma

Câmara vota abertura de impeachment contra Dilma

A Câmara dos Deputados aprovou na noite deste domingo (17) a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Antes mesmo de encerrada a votação, o parecer que defende a instalação do processo de cassação recebeu os 342 votos necessários para a abertura do processo.

O deputado Bruno Araújo (PSDB), de Pernambuco, deu o voto que garantiu o impeachment. Os governistas tinham 127 votos dos 142 que precisariam ter e já não poderiam mais atingir. Durante toda a votação, a instalação do impeachment manteve larga vantagem sobre os contos contra o processo.

A votação foi fechada com 367 votos a favor da instauração do processo de impeachment, 136 votos contra, sete abstenções e duas ausências.

O governo logo perdeu apoio dos poucos partidos que apareciam como aliados, como o PR, que havia fechado orientação contra o impeachment mas que teve muitos votos a favor do processo. O mesmo aconteceu com deputados do PDT. A favor do governo foram registrados votos dissidentes no PMDB, PSD e PP.

A sessão provocou diferentes momentos de confrontos e tumultos, mas sem graves interrupções, ainda que tenha havido atrasos na votação. Ataques de governistas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foram marcos nos votos a favor de Dilma.

A decisão da Câmara não implica em afastamento da presidente. A votação autoriza o Senado a instalar o processo de impeachment. Os senadores ainda precisam aprovar o julgamento.

Caso isso acontece, a presidente é afastada e o vice, Michel temer (PMDB), assume para um mandato por até 180 dias, quando o processo precisa ser encerrado. Se após este prazo o julgamento não estiver concluído, Dilma reassume e será julgada no cargo.

O governo precisava de um terço dos votos, que representaria 172 votos dos 513 deputados. Mas a sessão começou com nove ausentes e ainda contou com abstenções, que reduziram o calculo da votação mínima necessária.

Deputado Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo de cassação, vota sim pelo impeachment – Reprodução

O governo perdeu, como esperava, nos estados do Norte, sul e sudeste. O primeiro estado a dar vitória ao governo foi o Ceará, o 17º na votação.

A votação provocou manifestações a favor e contra o governo em todo o país, especialmente em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. Imagens por telões mostraram aos deputados cenas das manifestações.

Cartazes, cachecóis, fitas verde-amarelas e muitos gritos de ordem marcaram todo o processo de votação desde a abertura da sessão, às 14h.

Um dos momentos de conflito ocorreu quando governistas abriram uma faixa com a frase “Fora Cunha” atrás da mesa diretora dos trabalhadores. Sob argumento de que qualquer faixa estava proibida, Cunha determinou o fim da manifestação.

O deputado Paulinho da Força (SDD) forçou a provocação no lado contrário, ao convocar deputados a cantar jingle contra a presidente e o PT.


Tiririca (PR-SP) votam sim ao impeachment e provoca muita reação no plenário – Reprodução

VOTOS

Alguns votos foram mais festejados e ruidosos, seja pela intenção do parlamentar ou pela reação dos parlamentares. O ex-governador Paulo Maluf (PP), ex-aliado do governo, foi curto e grosso  ao votar sim pela abertura do impeachment. O voto de Celso Russomano (PRB), muito aguardado, rendeu comemoração quando anunciado o sim. Mas o deputado que mais movimentou parlamentares foi Tiririca (PR),  que contrariou a orientação do partido e votou contra a presidente.

Entre os contrários ao impeachment, foram marcantes os votos de Ivan Valente (PSOL), que fez duras críticas contra Eduardo Cunhado. Lembrou que o presidente da Câmara é réu em processo que investiga corrupção no STF (Supremo Tribunal Federal) e de Jean Willys (PSOL), que além de crticar a oposição, a quem chamou de canalhas, cuspiu no deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) em discussão após votar.

Bolsonaro, que votou antes de Jean, elogiou a ditadura militar e o coronel reformado, já falecido, brilhante Ustra, reconhecido como torturador de militantes de esquerda após o golpe de 64.