Em depoimento prestado na 14ª DP (Leblon), a secretária Valéria Teixeira de Castro afirmou que, por volta de 1h do último sábado, dia 6, recebeu uma mensagem do cônsul da Alemanha Uwe Herbert Hahn sobre o que acontecera com o marido, o belga Walter Henri Maximillen Biot, em uma cobertura em Ipanema, na Zona Sul do Rio. De acordo com a amiga dos estrangeiros, ele escreveu: “Walter está morto. Teve um infarto”, em um texto enviado pelo aplicativo WhatsApp. No dia seguinte, o diplomata, preso em flagrante suspeito do homicídio , disse a ela que o companheiro havia passado mal, corrido em direção a varanda do apartamento e caído no chão.
Na delegacia, Valéria narrou ter visualizado a mensagem por volta de 3h, mas só ter entrado em contato com Uwe durante a manhã, quando ligou para o cônsul. No telefonema, a secretária disse que o amigo chorava muito e reiterou que Walter havia morrido em decorrência de um infarto. Ela então disse ter se oferecido para encontrá-lo, a fim de fazer companhia, e seguiu para o imóvel, na Rua Nascimento Silva.
Ao chegar no local, o cônsul estava passeando com o cachorro do casal quando eles se abraçaram e seguiram para a cozinha do apartamento. Valéria diz ter preparada um café da manhã, com café, pão, queijo e frutas para o amigo e então ele começou a narrar os detalhes da noite anterior: contou que o companheiro havia passado mal, corrido em direção a varanda e caído.
A secretária, Uwe relatou ter visto que o cachorro estava lambendo uma mancha de sangue de Walter e então pegou um balde com água e detergente para realizar uma limpeza superficial do local a fim de evitar o contato com o animal. Valéria contou ter orientado o cônsul alemão a seguir para o Instituto Médico-Legal (IML) para solicitar a liberação do corpo do marido e seguir com os trâmites necessários para o enterro do belga.
Segundo as investigações da Polícia Civil, o cônsul da Alemanha informou ao médico do Samu que o marido passou mal e caiu no chão. Na ocasião, o médico responsável pelo atendimento acreditou que o homem pudesse ter tido um mal súbito, mas não quis atestar o óbito e o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML), no Centro da cidade, onde passou por exame de necropsia.
O laudo do perito legista Reginaldo Franklin Pereira atesta que Henri Maximillen Biot, morreu de hemorragia subaracnoide (extravasamento de sangue entre o cérebro e o tecido), contusão craniana e traumatismo cranoencefálico, provocados por ação contundente. O documento aponta que o cadáver apresenta mais de 30 lesões, como equimoses, escoriações e outros tipos de ferimentos, espalhados por regiões como braços, pernas, tronco e cabeça. No apartamento do casal, policiais da 14ª DP, encontraram móveis em desalinho e manchas de sangue no chão e em uma poltrona.
Um vídeo obtido por O GLOBO mostra a explicação de Uwe sobre a morte de Walter. Nas imagens, o estrangeiro diz a delegada Camila Lourenço, assistente da minha 14ª DP, que o companheiro estava bêbado ao tropeçar no tapete e cair no chão, entre a sala de estar e a varanda do imóvel. O diplomata foi encaminhado à Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte da cidade, por onde passou por uma audiência de custódia na qual foi decretada sua prisão preventiva pelo crime.
Fonte: IG Nacional