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Corregedoria deve investigar Dallagnol por conversas com Moro

Corregedoria deve investigar Dallagnol por conversas com Moro

Integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) apresentaram na manhã de hoje um pedido para que órgão investigue as conversas entre o procurador Deltan Dallagnol e o ministro e ex-juiz Sergio Moro, publicadas pelo site “The Intercept” (veja aqui).

Nas mensagens, ambos trocam informações estratégicas sobre investigações em curso na Lava-Jato de Curitiba que tinham, entre os alvos, o ex-presidente Lula. O pedido de apuração das mensagens foi apresentado à Corregedoria do Ministério Público Federal.

O site de notícias The Intercept Brasil divulgou, na tarde deste domingo (9), trechos de mensagens trocadas por meio de um aplicativo de conversas por celular foram entregues por uma fonte que pediu sigilo e apontam para uma “colaboração proibida” entre o então juiz federal responsável por julgar a Lava Jato em Curitiba e os procuradores, a quem cabe acusar os suspeitos de integrar o esquema de corrupção.

Em texto que acompanha a publicação das três reportagens divulgadas ontem, o Intercept Brasil sustenta que o teor das mensagens indica “comportamentos antiéticos e transgressões que o Brasil e o mundo têm o direito de conhecer.” Segundo o site, são “discussões internas e atitudes altamente controversas, politizadas e legalmente duvidosas da força-tarefa da Lava Jato.”

Há mensagens sobre a produção de provas, sobre o vazamento de gravações de conversas da ex-presidente Dilma Rpusseff e até suspeitas do próprio Dallagnol sobre as provas no caso do Triplex.

O site The Intercept foi fundado pelo jornalista, ex-advogado norte-americano e especialista em direito constitucional Glenn Greenwald. Ele foi o primeiro jornalista a divulgar, em 2013, em seu blog, os arquivos que o ex-consultor da Agência Nacional de Inteligência (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos Edward Snowden vazou para revelar um esquema de monitoramento de telecomunicações conduzido, em segredo, pelas autoridades norte-americanas. Além de cidadãos comuns, o programa secreto monitorava as mensagens de líderes políticos e de altos executivos.

Em nota, o ministro Sergio Moro afirmou que o conteúdo das “supostas mensagens” não revelam qualquer “anormalidade ou direcionamento” de sua atuação como magistrado. Segundo o ministro, as mensagens são sensacionalistas e foram retiradas de contexto.

Em seu Twitter, o procurador Deltan Dallagnol sugeriu ser natural que membros do MPF, a quem cabe denunciar, comuniquem-se com o juiz da causa, a quem cabe julgar a denúncia.

“A atuação sórdida daqueles que vierem a se aproveitar da ação do “hacker” para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto e falsificar integral ou parcialmente informações atende interesses inconfessáveis de criminosos atingidos pela Lava Jato”, escreveu Dallagnol.

Para a equipe do site, a divulgação do teor das conversas entre os procuradores e o juiz se justifica por ser “de interesse público”. “A importância dessas revelações se explica pelas consequências incomparáveis das ações da Lava Jato em todos esses anos de investigação.”