O padre dominicano Gustavo Trindade dos Santos virou réu em processo que investiga homicídio qualificado pela morte de Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, atropelado pelo religioso após furto na Paróquia de São Sebastião em Santa Cruz do Rio Pardo.
A medida acompanha mudança na denúncia promovida pelo Ministério Público após a morte de Ângelo, ocorrida em julho, dois meses depois do atropelamento. Para o MP, a agressão provocou as condições que levaram à morte da vítima.
O juiz Pedro de Castro e Souza, da Vara Criminal de Santa Cruz, divulgou nesta sexta-feira a decisão em que aceita a mudança na acusação e determinou a intimação do padre para que apresente à defesa à nova denúncia.
“A compulsa aos autos revela que a denúncia oferecida contém a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, havendo, ainda, lastro probatório mínimo a demonstrar a materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, tendo observado, assim, todos os requisitos legais exigidos pelo artigo 41 do Código de Processo Penal”, diz o juiz na decisão.
A denúncia envolve uma qualificadora de crime cometido “à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”.
O padre é acusado de jogar o carro sobre a vítima, que corria por uma calçada em área próxima à paróquia após invasão do prédio para furto. A manobra atingiu Ângelo, que foi jogado dentro uma garagem e prensado em outro veículo e parede do imóvel.
O padre deixou o local após o atropelamento e durante a apuração do caso deixou a cidade e se transferiu para um mosteiro dos Dominicanos em São Paulo.
Ângelo foi internado em estado grave, teve alta mas recorrentes retornos ao hospital até seu falecimento em 27 de julho.