Doa a quem doer. Para mim não importa bandeira, cor, religião, partido, ideologia, idade, escolaridade, nível econômico, sexo. Se cometer pecado da usura contra o povo tem de pagar. Se houver responsabilidade apurada legitimamente, sem os recursos de exceção (extra)jurídicas, e assim forem condenados, puna-se.
Mas, leia-se: respeito à Constituição – sem PECs noturnas e soturnas –, apuração isenta no devido processo legal (autoria e materialidade), integralidade do princípio da inocência e da ampla defesa. Hoje, não há respeito algum ao Princípio Democrático, o mesmo que está na origem nomológica da CF/88: com suas regras de civilidade.
Como temos no cotidiano, fulgura a barbárie social, política e jurídica[1]. Gostaria de saber como é que alguém consegue ensinar o que é Estado de Direito, diante da evidente negação da realidade.
Como dizer aos(às) alunos(as) para lerem algum pensamento expressivo (clássico), como referência sólida – a origem e a evolução dos sentidos (ontologia) –, conhecerem a epistemologia (a lógica do instituto), se não há quem respeite os fundamentos democráticos básicos do direito?
Como ensinar que, se “a teoria na prática é outra”, não se trata da verdade dos fatos? Aí, nesse caso, é você quem rema contra a maré, negando-se às evidências do cotidiano das instituições (burocracia) e das práticas dos Homens da Lei: na maioria das vezes praticando o antidireito: aplicação do direito positivo contra a justiça.
Também gostaria de saber em que grande teoria – lógica e razoável – encontra-se a justificativa (validação) de nossa transmutação jurídica extralegal, imoral. Que eu saiba, Mein Kampf está proibido de comercialização; como pesquisador ou não, tenho até medo de descobrir onde guardei o meu. Faz uns dez anos que sumiu com as traças.
Também agradeço porque posso ensinar outras coisas, que não sejam carochinhas – e mesmo que, vira e meche, voltem esses temas míticos. O direito, no Brasil, é um mito e todo mundo acaba nele.
Com o tempo, você descobre que “os fins não justificam os meios”, até porque esse tipo de análise permite cometer erros grosseiros e, no fim, você foi um meio (escada) para alguém. Na linguagem científica, isso se chama soma-zero.
Com o mesmo tempo, você descobre que “os meios modificam os fins” – e é por isso que o inferno está cheio de boas intenções. Pois bem, com um pouco de atenção, você consegue ensinar isso em 20 minutos.
O drama que se segue vem porque 20 minutos são bem curtos e aí, novamente, você já se depara com a ignomínia ou com os mitos do país. E diante dos mitos é difícil fazer alguém pensar na realidade.
Sem contar que ainda existe um rol infinito de hipocrisias: “faça o que falo, mas não faça o que eu faço”.
De repente, sonegar não é crime!
Passar meus interesses à frente dos outros é normal.
Sinceramente, nunca pensei que escreveria dessa situação.