Ebola again

Em 2014 o mundo conheceu a maior epidemia de ebola. Descoberto em 1976, o vírus da doença voltou a assolar as populações da África. Em outubro do ano passado o ebola ameaçou desembarcar na Europa e Estados Unidos. Indiferentes, até então, ao que se passava na África ocidental, europeus e norte-americanos suspeitaram da capacidade de suas próprias autoridades sanitárias domarem a doença. O surto teve início em dezembro de 2013. Em março do ano passado os governos africanos reconheceram a rápida propagação do vírus. Em agosto, a OMS alertou que a epidemia já era “emergência sanitária internacional”. Em dois meses os riscos de ebola escapavam da África.

 

À África o que é da África?

Foi somente com os casos de ebola na Europa e nos EUA que a comunidade internacional acordou para a epidemia, lamentou o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan. Até dezembro de 2014, haviam morrido 7.588 pessoas. Foram 7.573 mortes na Guiné, Libéria e Serra Leoa. Em 2013, as políticas de austeridade fiscal, que o FMI impôs aos africanos, inibiram investimentos em saúde. A rápida propagação da doença e a ausência de meios para coibi-la alimentaram a nova epidemia. Até agora a comunidade internacional dispendeu cerca de 3 bilhões de dólares no controle do ebola. Os resultados, são demorados e acumulativos, não são imediatos. E assim os riscos de ebola alcançaram 2015…

 

Saúde de mercado

O sucesso das ações contra o ebola, dentro e fora da África, ameaça o controle da doença. Menos e menores, os focos não ganham destaque na mídia. Sem notícias, o ebola será esquecido por autoridades governamentais e agencias mundiais de saúde. A pesquisa científica avançou. Há fármacos e vacinas. São possíveis mas pouco lucrativos. Ebola é doença esporádica, atinge poucas pessoas e as populações mais pobres do mundo. Surtos são detectados e controlados. Não há mercado para remédios e vacinas. Os altos custos comprometem a prevenção. A falta de recursos humanos, equipamentos e de logística afeta a qualidade dos serviços de saúde. E assim os riscos de ebola nos perseguirão em 2015…