Um inquérito sorológico apontou que médicos que trabalham na linha de frente do combate à Covid-19 estão mais protegidos de pegar o vírus do que trabalhadores de baixa renda que moram na periferia de São Paulo.
Cerca de 15 mil profissionais do Hospital das Clínicas de SP, que trabalham na área exclusiva de Covid-19 , foram testados. O objetivo da pesquisa era saber se, mesmo assintomáticos, eles já tinham sido infectados pelo novo coronavírus (Sars-coV-2).
De acordo com o resultado, entre os profissionais que trabalham nas UTIs e que têm contato direto com os doentes, só 6% foram infectados. Já entre os funcionários terceirizados, de setores como os de limpeza, lavanderia e segurança, 45% já contraíram o vírus.
A conclusão é que a maioria dos profissionais foi contaminada pelo coronavírus fora do HC – e que escolaridade, local de residência, uso de transporte público e tempo gasto entre a casa e o hospital, também levantados na pesquisa, são fatores de risco maiores do que o próprio ambiente hospitalar.
“Os dados mostram que a transmissão comunitária, em um país com problemas estruturais como o nosso, pode ser maior até mesmo do que dentro de um hospital”, diz a infectologista Silvia Costa, coordenadora do projeto. Esta matéria contém informações de Mônica Bergamo.