O juiz Pedro de Castro e Souza, de Santa Cruz do Rio Prado, recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público e transformou o padre Gustavo Trindade em réu em processo que apura tentativa de homicídio no atropelamento de um homem que teria cometido furto em uma paróquia daquela cidade.
O padre foi denunciado por jogar o carro sobre Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, apontado como autor de um furto na paróquia em o Trindade atuava. O atropelamento – no dia 7 de maio – foi registrado por câmeras de segurança.
“A denúncia oferecida contém a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, havendo, ainda, lastro probatório mínimo a demonstrar a materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria”, diz o juiz na decisão.
O documento lembra as informações dos boletins de ocorrência, fotografias, laudo pericial, relatórios médicos do estado da vítima, pesquisa veicular e de condutor, entre outros dados.
A decisão abre prazo para que a defesa do padre apresente suas manifestações sobre a denúncia e, caso tenha interesse, incluir documentos e relatar provas que pretenda produzir, além da lista de testemunhas.
Segundo o Ministério Público, o padre “assumiu o risco de matar” e causou “ferimentos de natureza grave” na vítima.
A denúncia diz ainda que a conduta, desde a perseguição até a interceptação e atropelamento, não provocou a morte de Ângelo “por circunstâncias alheias à vontade do denunciado”. Pede que o padre seja ao final condenado a pagar também indenização por danos materiais, morais e psicológicos sofridos pela vítima do atropelamento.
Dominicano, Gustavo foi afastado da paróquia após o caso e transferiu-se para um convento da ordem em São Paulo. Só prestou depoimento mais de um mês depois do acidente, em 9 de junho, disse que pediu ao homem para parar e que tentou interceptar a passagem de Ângelo, mas o homem teria se jogado em frente ao carro.