A Justiça já determinou a reintegração de posse da fazenda Santa Maria, em Pirajuí (80 km de Marília) ocupada por agricultores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-terra) na madrugada de sábado. A saída das 600 pessoas, cerca de 300 famílias, pode acontecer até a tarde desta quarta-feira.
Os agricultores esperam uma intervenção do Incra para declarar a área de utilidade pública para desapropriação e assentamento. É a segunda vez que a fazenda foi ocupada pelo MST a primeira foi em 2009. A fazenda pertence a um grupo dono de usinas e terras em diferentes partes do Estado e do Paraná, o grupo Atalla, que apesar do nome parecido não tem qualquer vícnulo com as empresas Atallah de Marília e Campo Grande.
A ocupação é coordenada pelo comando do MST com suporte de diferentes diretorias regionais, incluindo a de Promissão, que envolve organização de agricultores na região de Marília. Além de famílias de Pirajuí, participam grupos organizados a partir de outras áreas do MST próximas a Marília, como Ubirajara.
Após a ocupação, as famílias promoveram duas ações: derrubada de pés de cana que seriam usados para abastecer usinas de álcool do grupo Atalla e uma interdição de duas horas na rodovia Marechal Rondon. O grupo gerencia uma central de usinas com sede em Jaú.
Os manifestantes planejavam iniciar plantio de alimentos na segunda-feira, mas suspenderam a atividade com a chegada da ordem de reintegração e ainda vão decidir os próximos passos.
“O grupo dono desta área acumula muitas dívidas com a União, muitas dívidas trabalhistas, então o movimento espera que o Incra destine esta área para assentamento”, disse um dos coordenadores da ocupação, Ricardo Barbosa, 33, da direção estadual do MST.
Ricardo disse que na primeira ocupação a terra era improdutiva, mas afirma que o Incra demorou a fazer a vistoria para desapropriação e os proprietários iniciaram o plantio de cana. Ainda segundo ele, áreas do grupo no Paraná estão em processo de implantação de assentamentos.
ARRECADAÇÃO
Uma campanha regional envolve movimentos sociais, entidades e empresas para entregar alimentos, roupas e produtos de higiene às famílias.
A arrecadação tem apoio do Núcleo Agrário de Guaimbê, um coletivo de pequenos produtores e de agricultura familiar, e de movimentos sociais em Marília, onde a arrecadação é coordenada pela ambientalista Sônia Cristina Guirardo Cardoso, ex-secretária do Meio Ambiente de Marília.
Diego Tramarim, 26, do Núcleo Agrário, disse que a empresa Massas Paulista doou 20 quilos de massas e a Marcenaria Due Design cedeu um caminhão e combustível para entrega dos alimentos.
“Os interessados em fazer doações podem me procurar que vamos retirar os alimentos e levar, especialmente leite, café, sardinha, óleo e arroz”, disse Soninha, que deve entregar os alimentos nesta quarta-feira.