A Polícia Federal incluiu buscas na zona rural de Manduri (170 km de Marília) na 24ª etapa da Operação Lava Jata, que investiga diretamente o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Policiais estiveram na propriedade da família do ex-deputado e ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar, amigo muito próximo a Lula, nascido na cidade e ainda com laços no município.
Ele é pai de Fernando Bittar, um dos sócios em nomes dos quais está registrado o sítio de Atibaia frequentado pelo ex-presidente. Fernando é casado com uma moradora de Manduri, faz visitas rotineiras à cidade e ao sítio.
Jacó Bittar, que vive no litoral paulista, é membro do conselho da Petros, o Fundo de Pensão da Petrobras. Petroleiro, fez carreira sindical e política na região de Paulínia, de onde foi projetado para todo o país.
O radialista Leto Freitas, da Rádio Cidade Verde, a única de Manduri, afirmou que foi até o sítio mas não conseguiu entrar para acompanhar a investigação. Ele disse ter sido ameaçado por um assessor de Bittar, Celso Prado, que também seria ouvido pela PF.
A propriedade fica no bairro do caracol, na zona rural da cidade. “Não me deixaram entrar, me xingou, ofendeu. Não tinha como força, mas investigadores estiveram lá”, disse o radialista. “A cidade parou. Só se fala nisso.” Manduri, próxima a Piraju e ao rio Paranapanema, tem pouco mais de 9.000 habitantes e a agricultura ainda é a principal atividade econômica da cidade.
A 24ª fase da Operação Lava Jato começou às 6h com buscas nas casas do ex-presidente Lula, seu filho, Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, além de escritórios de empreiteiras e pessoas ligadas a Lula.
Lula foi levado a uma sala da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas para prestar depoimento. Manifestantes favoráveis e contra o presidente se agrupam no lado de fora do aeroporto. Mais cedo houve confrontos na porta da casa do ex-presidente.
Segundo o Ministério Público Federal, a operação foi adotada para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva e pessoas associadas.
“Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras”, diz nota divulgada pelo MPF