Tem um recurso utilizado em educação que se chama Mapa Conceitual.

O recurso permite lançar conceitos em um quadro, texto ou projeção em tela.

Presume-se que se conheça o assunto ou, ao contrário, são colocados os conceitos e se faz uma análise dos conteúdos subjacentes.

A grande vantagem é a abertura cognitiva, porque essa forma de expor o conhecimento não privilegia a hierarquia.

Não há centralismo, como vemos no organograma, fluxograma. Há múltiplas junções e, por isso, é menos positivista.

Há um ponto inicial, geralmente, no centro. No entorno surgem relações, sujeitos, informações, episódios e outros links.

É como se nós víssemos um globo, ampliando-se a capacidade de apreensão do conhecimento específico.

Já usei em prova. Para os quatro que tiraram dez, foi ótimo.

Mas, hoje, quero pensar um Mapa Conceitual para a nossa Dengue.

A Dengue é o alvo no problema? Claro que não.

O centro das atenções é a falta de urbanidade, o sentimento que nos torna cidadãos. Desde a Polis, na Grécia clássica.

Falta investimento na prevenção. Falta um Poder Público de verdade.

Faltam recursos do governo estadual para o Município adquirir insumos e pagar funcionários. Por isso, falta nebulização.

Falta verificar porque o problema gravíssimo, desde 2013, não foi enfrentado.

Falta saber porque a sede da empresa terceirizada é uma casa vazia (cheia de mosquitos?).

Falta criminalizar os responsáveis pelas mortes em Marília.

Falta saber porque havia uma piscina olímpica cheia de mosquitos.

Falta decência aos proprietários de terrenos cheios de criadores do mosquito.

Às vezes, o agente sanitário é proibido de entrar nas casas.

Tem que usar seu Poder de Polícia (previsto no art. 78 do Código Tributário Nacional). Ou chamar a polícia de fato.

Falta educação ao morador que não cuida do seu quintal.

Falta esperança, em todos nós, de ver esse e outros problemas terríveis serem solucionados na cidade.

Fala-se em mais de 30 mil casos; a imensa maioria não foi notificada.

Aliás, nem sei se peguei ou não – porque há formas que se parecem com gripe.

Essa já tive, e foi por esses dias.

Em resumo, o que mais falta para avançarmos no nosso Mapa Conceitual?

Falta tudo. Falta ter o que colocar de positivo.

Falta bom senso, moral pública, respeito privado. Não somos republicanos e desconfio se um dia haveremos de ser.

Enfim, não teremos Mapa Conceitual da Dengue, por absoluta falta de competência dos que deveriam agir.