Nacional

Morte de estudante em protesto faz 48 anos nesta segunda

Cortejo do estudante Edson Luís em 1968 – Reprodução
Cortejo do estudante Edson Luís em 1968 – Reprodução

Há exatos 48 anos um estudante de 17 anos que participava a de um protesto em um restaurante estudantil foi baleado no peito por um tenente da Polícia Militar carioca. Morreu pouco depois e virou símbolo da luta estudantil contra a ditadura militar.

Edson Luís de Lima Souto, 17, era um estudante secundarista que trabalhava para bancar seus estudos no Rio de Janeiro. Filho de paraenses, participava com centenas de outros estudantes de um protesto contra a má qualidade da comida. A repressão deixou ainda outros seis feridos.

A invasão foi comandada pelo tenente Aloísio Raposo, autor do disparo que atingiu o peito do menino. Os jovens reagiram com paus e pedras, fazendo a polícia recuar.

Os alunos também impediram que a PM saísse com o corpo e carregaram o estudante pelas ruas até Assembleia, onde dois médicos realizaram a autopsia. Coberto com a bandeira do Brasil e com cartazes de protesto, o corpo de Edson Luís foi velado no saguão do prédio.

O enterro de Edson Luís no dia seguinte marcou o início da ascensão do movimento estudantil no país. Movimentou 50 mil pessoas que viram o sepultamento ao som do Hino Nacional e aos brados de “Mataram um estudante. Podia ser seu filho”.

Cartazes e pichações cobriram muros com frases como “Os velhos no poder, os jovens no caixão”, “Bala mata fome?” e “Abaixo a ditadura”.  Na manhã de 4 de abril foi celebrada missa de sétimo dia por Edson Luís na Candelária.

Na saída da igreja houve repressão policial. O governo proibiu a celebração de outra missa, à noite, mas a determinação foi ignorada pelo vigário-geral do Rio, dom Castro Pinto. Um cordão de religiosos se postou à entrada da igreja, para evitar novos ataques. Não adiantou.

A memória daquela quinta-feira triste foram compostas pelo menos duas belas canções: “Calabouço”, de Sérgio Ricardo, e “Menino”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos.