O Museu Campos Gerais, em Ponta Grossa, no Paraná, abriu seu espaço para receber a exposição “O alfaiate que costurava palavras”. E quem é este alfaiate atípico? É o escritor Osório Alves de Castro. Ele viveu em Marília, entre 1934 e meados da década de 1960. Baiano de nascimento, montou a Alfaiataria Rex, junto ao Líder Hotel. Ali ganhou o pão, escreveu histórias sobre a sua terra natal, discutiu política e criou os filhos. Em Marília Osório redigiu dois de seus livros publicados: Porto calendário e Bahiano Tietê. O primeiro lhe valeu o Prêmio Jabuti, em 1961. O segundo foi publicado em 1990, doze anos após a sua morte. Ambos foram lançados em Marília, São Paulo e Salvador, em encontros fraternos e alegres. Por onde andou carregou personagens e histórias que migraram da memória e da imaginação para as páginas dos livros.
Museu Tamarindo
A organização do Museu Tamarindo é resultado da necessidade de preservação, estudo e divulgação da coleção de textos, documentos, fotografias e objetos do mundo vivido e da experiência humana do alfaiate e escritor. Nascido em 1901, em Santa Maria da Vitória, oeste da Bahia, Osório migrou de lá para o Rio de Janeiro, depois, para São Paulo. E da capital paulista entrou pelo interior afora, vivendo em Bauru e Lins, para fixar-se em Marília. Perseguido pelo golpe militar de 1964, retornou para a capital, onde faleceu em 1978. Esta trajetória é agora apresentada em painéis temáticos e nas vitrinas do Museu Campos Gerais, em parceria com o Museu Tamarindo e o apoio do projeto de extensão universitária “Museu e História dos Municípios”, desenvolvido no Departamento de História da Unesp, campus de Assis.
Osório e a universidade
A exposição “O alfaiate que costurava palavras” acontece em momento de valorização da obra literária de Osório Alves de Castro. É parte deste mesmo esforço. Em Santa Maria da Vitória é intensa a mobilização de movimentos culturais e intelectuais, vereadores e a Prefeitura, para que o campus local da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) receba o seu nome. Em paralelo, intervenções artísticas na música, cinema e artes plásticas procuram ampliar o acesso ao seu universo literário, aproximando-o das novas gerações. Osório bateu-se pela transformação do Brasil em país democrático. Fez isso abrigando o corpo, estimulando o espírito crítico, condenando as injustiças e arbitrariedades dos donos do dinheiro. Usou tão somente a agulha e a caneta. O alfaiate tecia sonhos, costurando roupas e palavras.