Novamente o povo brasileiro é obrigado a assistir a mais uma etapa do desmantelamento do Estado brasileiro. O país amanhece com novas denúncias de corrupção em altos escalões do governo federal e com elas, novamente, vem o desencanto com o futuro do país. As incertezas estão refletidas na possibilidade de renúncia do presidente Temer, atitude aparentemente menos traumática ao cenário político brasileiro do que um novo processo de impeachment.
Cenário político lamentável, deplorável, desprezível e outros tantos adjetivos, mas principalmente temerário, pois essas incertezas podem abrir possibilidades que iriam agravar ainda mais a crise política institucional que o país atravessa, acentuando o retrocesso político vivenciado pela democracia brasileira.
Em apenas algumas horas já é possível ouvir de analistas jurídicos e políticos a necessidade da renúncia do presidente Temer e a realização de eleições indiretas para o chefe do executivo. Essas e outras “análises” são, na verdade, um convite à sociedade brasileira para uma viagem pelo “túnel do tempo”, pois estamos vivenciando situações cujas conquistas já foram consolidadas pelo processo político brasileiro e pela efetivação da prática democrática.
Nos últimos meses retornamos ao contexto da discussão da garantia dos direitos trabalhistas e ainda estamos vivenciando possibilidades de retrocessos ainda maiores relativos à CLT. Os movimentos sociais, independente de suas concepções ideológicas ou partidárias também estão retornando aos “anos de chumbo” e presenciando atos abusivos por parte de representantes de instituições públicas.
E no dia 18 de maio de 2017, perante o “mar de lama” onde nossas instituições políticas estão submersas, a mídia nos traz a possibilidade de eleições indiretas para presidente da República. Nesse contexto, teremos que novamente nos empenhar pelas “diretas já”? Veremos novamente milhões às ruas e a Praça da Sé lotada de cidadãos para lutar pelo direito do voto para a eleição do chefe do executivo, como ocorreu em 1984?
Até onde o “túnel do tempo” poderá levar a sociedade brasileira? Situação extremamente preocupante, que requer muita atenção do povo brasileiro para os caminhos que a política está sendo direcionada. Não é o momento de considerações equivocadas e vazias de conteúdo que constantemente teóricos do Facebook vêm fazendo. Sem nenhum comprometimento com a ética e a moral e para comprovação de suas convicções políticas retratam os rumos da política brasileira com discussões rasas e sem fundamento.
Inquestionável que o resgate da dignidade da política brasileira e a garantia de que o Estado seja fim e não meio deverá ser um objetivo permanente dos nossos representantes, mas também é inegável que o processo de moralização do país não poderá acarretar retrocessos à democracia brasileira, arduamente conquistada pelas gerações anteriores.
Cidadãos brasileiros, o momento é de alerta máximo!