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Operação da PF prende ex-ministro Guido Mantega

Operação da PF prende ex-ministro Guido Mantega

A Operação Lava Jato entrou em sua 34ª fase nesta quinta-feira (22) com novas medidas de repercussão: mandados de busca e prisão para o ex0ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma Guido Mantega. A nova fase é batizada de Operação Arquivo X da Polícia Federal. São cumpridos 48 mandados em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.

Em depoimento ao Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).

Para operacionalizar o repasse, Eike Batista firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes.

Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013 constatou-se a transferência de US$ 2,350 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários. 

As consorciadas, que não tinham tradição no mercado específico de construção e integração de plataformas, viabilizaram a contratação mediante o repasse de valores a pessoas ligadas a agentes públicos e políticos.

As investigações revelaram que há indícios de que cerca de R$ 7 milhões foram transferidos, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para um operador financeiro já condenado no âmbito da Operação Lava Jato.

Ele teria ligações com um partido político e com a Diretoria Internacional da Petrobras. Os repasses foram viabilizados por empresa de fachada que, de acordo com a Procuradoria do Paraná, não tinha uma estrutura minimamente compatível com os valores recebidos.

Constatou-se ainda que, no período dos fatos, empresas do grupo Tecna/Isolux repassaram cerca de R$ 10 milhões à Credencial Construtora, já utilizada por Dirceu para o recebimento de vantagens indevidas. Entre março de 2013 e junho de 2014 foram identificados repasses de mais de R$ 6 milhões da Mendes Júnior a empresas ligadas a um executivo do grupo Tecna/Isolux.

O ex-ministro Guido Mantega será levado ainda hoje para a sede da Polícia Federal em Curitiba. Às 10h os procuradores e delegados da Polícia Federal concedem entrevista coletiva para dar detalhes da operação. 

Policiais foram à casa do ex-ministro logo cedo, mas ele não foi encontrado. Mantega estava no Hospital Albert Einstein onde acompanhava uma cirurgia da esposa. Segundo a PF, no imóvel estava apenas um dos filhos do ex-ministro, menor de idade, que não poderia acompanhar sozinho a operação.

Em São Paulo são cumpridos nove mandados: dois de prisão e sete de busca e apreensão – desses, seis na capital e um em Sorocaba. Os policiais federais decidiram então ir ao hospital para encontrar Mantega. Há um mandado de prisão temporária, por cinco dias.

Além de sua atuação na política econômica, Guido Mantega foi o alvo em uma das primeiras e maiores manifestações de intolerância política desde o início das acusações da Lava Jato, ao ser hostilizado em público por pelo menos três vezes.