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Pesquisa de doença cadastra doadores de fezes em Botucatu

Pesquisa de doença cadastra doadores de fezes em Botucatu

Um novo projeto envolvendo o Instituto de Biociências (IB) e a Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da Unesp em Botucatu pretende avaliar a possibilidade de modulação do microbioma intestinal de pacientes com retocolite ulcerativa e para isso precisa de matéria-prima: fezes humanas. Sim, o cocô.

Inicialmente pode parecer estranho. Talvez até nojento. Mas a verdade é que muitos cientistas têm estudado (e encontrado) soluções a partir das bactérias que habitam nosso intestino, região do corpo onde elas são encontradas com maior quantidade e diversidade.

Ou seja, a ideia é restaurar o equilíbrio da população bacteriana intestinal em favor daquelas que tem papel benéfico ao organismo. Basicamente, utilizando-se de material fecal de doadores sadios, uma vez que as bactérias do intestino se apresentam nas fezes.

A dificuldade é encontrar voluntários. Neste caso, pessoas que possam doar suas fezes. Os interessados deverão, primeiramente, preencher um formulário on line [clique aqui] para avaliação das condições de saúde (entre outros pré-requisitos) do doador, que deve ter de 18 a 40 anos de idade.

Veganos e vegetarianos, em teoria, apresentam uma microbiota “mais saudável”, condição que os coloca em um patamar de bons doadores ou “super-doadores”. Porém, qualquer um que esteja com boas condições de saúde pode participar.

O processo de seleção é bastante rigoroso e mais criterioso do que para doação de sangue, de forma a assegurar que as fezes não contenham agentes de doenças. Em geral, de 10% a 20% dos candidatos se mostram aptos à doação. Além das informações apresentadas no formulário, os candidatos se submeterão a exames que poderão revelar informações importantes sobre sua saúde e microbiota intestinal.

As fezes doadas serão preservadas e processadas visando à transplantação para pacientes com retocolite ulcerativa. A expectativa é que o tratamento dure, no mínimo, oito semanas, justamente para que as bactérias possam se estabelecer no organismo. A eficiência deste tipo de tratamento, realizado em recentes pesquisas no exterior, tem animado cientistas e fortalecido a esperança de pacientes com este tipo de doença.

Apesar de ser mais comum em países desenvolvidos, esta enfermidade tem crescido em escala mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que mais de 2 milhões de pessoas sofram com a doença. Estudo recente, realizado pela FMB, mostrou que no Estado de São Paulo, entre 2012 e 2015, o número de casos de DII subiu de 6,7 para 8 a cada 100 mil habitantes.

Mais informações sobre a pesquisa podem ser obtidas através de e-mail [[email protected]], whatsapp [14 – 9.9849-7927 ] ou Skype [[email protected]].