A Polícia Militar do Rio de Janeiro faz, na manhã deste sábado, uma operação para ocupar a Comunidade do Castelar, em Belford Roxo, Baixada Fluminense. A região, dominada pela maior facção criminosa do estado, foi indicada pelas investigações como reduto da quadrilha responsável pela morte dos três meninos desaparecidos desde dezembro de 2020. Era lá também onde as crianças moravam, mas apesar disso a corporação não indica ligação entre o caso e a ação.
Segundo a PM, a operação é para cessar os confrontos entre facções do tráfico e da milícia que ameaçam a segurança da população na região. Os militares estão no bairro Piam. Ainda não há informações sobre o tempo de permanência dos policiais na comunidade.
Além do 39º BPM (Belford Roxo), militares de outros três batalhões participam da ação: 21º BPM (São João de Meriti), 24º BPM (Queimados) e 34º BPM (Magé). Até o momento, não há registro de prisões ou apreensões. Nas redes sociais, a corporação pede a ajuda da população com denúncias sobre a localização de criminosos.
Segundo informações divulgadas na última quinta-feira, pelo secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, em entrevista à rádio Tupi, um traficante teria pedido autorização para cometer o crime a um chefe da quadrilha que estaria dentro do sistema prisional. O GLOBO apurou que a autorização foi pedida por Wiler Castro da Silva, o Estala, gerente do tráfico de drogas do Castelar, de 25 anos, que estava foragido do sistema penitenciário.
Turnowski destacou que esse criminoso teria sido assassinado depois no Complexo da Penha, na Zona Norte, para onde foi chamado por outros comparsas, justamente por ter ordenado a morte das crianças.
O desaparecimento das crianças é investigado desde dezembro de 2020. Na ocasião, Lucas Matheus, de 9 anos, Alexandre Silva, de 11, e Fernando Henrique, de 12, foram vistos pela última vez em uma feira livre do Bairro Areia Branca, também em Belford Roxo. Moradores do Castelar, os meninos ainda foram flagrados por uma câmera de segurança quando estavam a caminho da feira livre, onde foram vistos pela última vez, inclusive por testemunhas.
Você viu?
“Tínhamos várias linhas de investigação, mas a principal teoria sempre foi a de que o tráfico estaria envolvido nessas mortes. Alguns depoimentos indicavam o envolvimento da quadrilha do Castelar. Inclusive, tinha o nome de um chefe que teria pedido autorização para dentro do sistema (prisional) para efetuar esses homicídios.”
Outro traficante que também é investigado neste caso é José Carlos dos Prazeres Silva, o Piranha, de 41 anos. Ele vive no Complexo da Penha e está acima de Estala na hierarquia da quadrilha. O motivo dos homicídios seria um furto de passarinhos. Ao RJ2, da TV Globo, Turnowski disse que os autores do crime teriam pedido autorização, mas não teriam dito que os supostos ladrões eram crianças.
“(O inquérito) Deve ser concluído em pouco tempo, mas hoje a gente já pode afirmar que foi o tráfico de drogas responsável pela mortes. A gente tinha outras linhas que foram sendo descartadas.”