O Tribunal do Júri Popular em Pompéia deve fazer nesta terça-feira o julgamento do psicólogo Fabrício Buim Arena Belinato, preso desde 2021 pela morte da esposa, Cristiane Pedroso dos Santos, que tinha 34 anos, e da enteada, Karoline, com 9 anos.
A sessão do júri está marcada para começar às 9h. envolve a leitura de partes do processo, depoimentos de testemunhas, manifestações da acusação, defesa, possibilidade de réplica e decisão dos jurados.
Fabrício foi acusado de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menores por envolver no caso a adolescente M.K. dos S.G., filha mais velha de Cristiane, que tinha 16 anos na época e com quem o psicólogo manteve um relacionamento.
A sessão terá limites de acesso e a entrada da mídia no local deve ser definido no momento de abertura dos trabalhos pelo juiz Rodrigo Martins Marques.
O advogado Gustavo Vinícius de Almeida Oliveira, nomeado pela Justiça para representar Fabrício no caso, disse que a linha da defesa depende muito de como vai transcorrer a sessão e julgamento.
“A única certeza que tenho é que não se admitirá uma palavra a favor do acusado e tudo que a acusação falar ecoará em aplausos”, disse o advogado ao Giro Marília.
A defesa tentou tirar o julgamento de Pompéia em função da comoção e repercussão provocada pelo caso, mas a Justiça rejeitou o pedido.
Disse ainda esperar que a Justiça seja feita. “Do ponto de vista procedimental, justo é um julgamento após análise de toda a prova”, afirmou.
Confira abaixo as principais informações sobre o caso e sua tramitação na Justiça
– Os crimes
No dia 9 de novembro de 2020, data indicada pelo acusado, Fabrício teria assassinado a esposa, Cristiane, com quem iniciou um relacionamento em 2015, na casa em que viviam no bairro Distrito Industrial em Pompéia. A mulher foi enterrada em um corredor ao lado da casa e o piso cimentado.
Karoline, a filha mais nova de Cristiane, teria sido morta entre 20 e 25 dias depois, porque não parava de fazer perguntas sobre a mãe. Foi enterrada no quintal da casa.
Fabrício e a adolescente M.K. continuaram morando juntos no local. O caso começou a ser investigado como desaparecimento e os dois teriam dito à polícia que a mulher fugiu com outro namorado e levou a filha.
– Descoberta dos corpos
Em investigação sobre movimentação e obras estranhas na casa, que ocorreriam inclusive fora de horário comercial, a polícia descobriu o corpo de Cristiane no dia 2 de fevereiro de 2021. Fabrício já não estava na casa e fugiu de Pompeia. M.K. acompanhou as buscas e ajudou a polícia a encontrar o corpo da irmã.
– Fuga e prisão
Fabrício permaneceu foragido por seis dias, até ser preso em Campo Grande (MS), onde trabalhava em uma obra. No primeiro depoimento, ainda naquela cidade, confirmou o crime e chegou a incriminar a adolescente, versão que alterou depois.
– Laudos e conflitos
Os laudos da perícia científica sobre as mortes dizem que Cristiane sofreu dois golpes com objeto perfuro-cortante. Fabrício disse que aplicou um golpe de faca durante uma discussão.
Os peritos dizem ainda que Karoline foi morta por traumatismo craniano. Fabrício disse que asfixiou a menina.
– Adolescente punida
M.K. passou por processo da Vara da Infância e Juventude e recebeu pena socioeducativa de internação por envolvimento no caso. Ainda está em uma unidade da Fundação Casa. Ela deve ser ouvida como testemunha no caso, na primeira vez em que vai se encontrar com Fabrício após a descoberta do caso.
– Júri adiado
O julgamento havia sido marcado inicialmente para abril deste ano, mas acabou adiado por questões burocráticas por ausência de servidor a poucos dias da sessão de julgamento