Nacional

Prefeito de Santa Cruz renuncia, desiste de sair e ataca oposição

Otacílio Assis, prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo
Otacílio Assis, prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo

O prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo, Otacílio Assis (PSB), entregou à Câmara da cidade uma carta de renúncia ao cargo e mandato nesta terça-feira e poucas horas depois desistiu da renúncia. Como não houve sessão ou análise do pedido na Câmara, ele retirou o protocolo e evitou a perda do cargo.

Assis disse que está com dificuldades para continuar à frente do município por questões emocionais, mas disse que desistiu por “centenas de manifestações para continuar”. O motivo central é um escândalo com desvio de dinheiro público que ele mesmo denunciou ao descobrir.

“O que mais me convenceu a continuar não são as manifestações de apoio. É a manifestação de sorriso, de alegria daqueles que são contra à administração, porque eles vislumbraram voltar à casa da Mãe Joana.” O prefeito disse que recebeu apoio de 12 vereadores e que Santa Cruz “não merece que dê chance a essa oposição”. Ele pediu “desculpas à oposição por estar voltando”.

Disse que na volta irá promover mudanças na amdinistração, inclusive com troca de alguns assessores. Perguntado se seria um “prefeito diferente”, disse que “talvez de barba feita”.

Otacílio cumpre o segundo mandato, reeleito com ampla maioria dos votos. No dia em que dneunciou o escândalo mostrou que a descoberta mexeu muito com seu equilíbrio emocionou. Em coletiva de imprensa chorou e sugeriu que os envolvidos se matassem.

Em entrevista coletiva, disse que “administrar hoje está muito difícil”, afirmou que os obstáculos fazem com que administradores cansem mental e psicologicamente “e foi isso que aconteceu hoje”.

A funcionária Sueli de Fátima Feitosa foi pivô em um escândalo com desvio de recursos e falsificação de registros que durante longo período provocaram falsa informação sobre valores em caixa na prefeitura. Quando o caso foi descoberto, em janeiro, o rombo estava avaliado em pelo menos R$ 3 milhões, mas já há indicação de valores maiores.

Uma sindicância interna determinou a abertura de processo administrativo para demitir a servidora, identificada como principal operadora do esquema criminoso, e suspensão do funcionário Emerson Alves Diniz, atual diretor de Contabilidade. Outras três servidoras,  Janaína Ferruci Barbosa Peres, Viviane Cristina Ribeiro e Andréia de Cássia Mafra Dias foram punidas com a pena de repreensão.

O ex-secretário de Finanças Armando Cunha, apontado no relatório como “negligente” na fiscalização do dinheiro público, não foi punido porque não faz mais parte do quadro de servidores. Cunha estava no cargo desde 2001, foi exonerado por Otacílio no mês passado.

A comissão responsabilizou o ex-secretário por utilizar-se somente de boletins emitidos pelo sistema interno de contabilidade, “sem nunca consultar extratos bancários e supervisionar as conciliações bancárias”. Armando também permitia “desvio de funções” de subordinados, de acordo com a comissão.

Segundo depoimento de servidores, durante anos a responsável pela Tesouraria impediu expressamente que outras funcionárias do setor conferissem as contas bancárias. O relatório responsabiliza estas servidoras, que foram punidas com “repreensão”.