A delegacia de Nilópolis (57ªDP) prendeu em flagrante no último sábado, dia 21, o boliviano Iver Luis Corcuy Peredo, de 48 anos. No momento em que foi preso, ele atuava como médico no PAM de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, solicitando exames e fazendo prescrições como médico ortopedista com o carimbo do profissional Douglas Jeferson de Freitas, que atende na unidade. Ele foi indiciado por exercício ilegal da medicina e por falsificação de documento público.
Iver se apresentava como estudante de medicina e já havia sido preso em 2015 pelo mesmo crime. Na época, ele foi indiciado pela delegacia de Brás de Pina (38ª DP) por trabalhar como médico em uma clínica particular em Mesquita, na Baixada Fluminense, usando o CRM e o carimbo do irmão dele, Andy Corcuy Peredo. Ele foi condenado pela Justiça, em 2017, por exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica e pela lei de drogas por prescrever medicamentos de uso controlado. A pena foi o pagamento de cestas básicas e a prestação de serviço comunitário, que ele estava cumprindo até o ano passado.
Segundo o delegado titular da unidade, José de Moraes Ferreira, a investigação da 57ªDP teve início quando Iver foi à sede policial registrar queixa contra a ex-mulher meses atrás por supostos maus-tratos contra a filha do casal. Em seguida, ele ameaçou a ex-mulher, que foi à delegacia fazer o registro de ameaça pela Lei Maria da Penha. A partir das informações fornecidas pela ex-mulher sobre o trabalho de Iver, a polícia descobriu que ele já tinha um histórico de atuar como médico, mesmo sem apresentar diploma, em diversos hospitais da Baixada Fluminense.
“Ele apresentou uma documentação de estudante, mas estamos checando”, diz o delegado.
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A polícia apreendeu prescrições e pedidos de exame feitos pelo falso médico e já ouviu testemunhas, entre funcionários e pacientes do PAM de São João de Meriti.
A Secretaria de Saúde de São João de Meriti afirma que o médico ortopedista Douglas Jeferson de Freitas, de quem Iver usava o carimbo e assinatura, foi exonerado. Ele era contratado do Hospital Municipal de São João de Meriti. Iver chegou a ser nomeado em setembro de 2019 para exercer cargo comissionado na Secretaria de Saúde do município, segundo a prefeitura, “na função de acadêmico”, mas teria sido exonerado um mês depois, de acordo com a Secretaria de Saúde, por ser investigado.
Nas redes sociais, há fotos de Iver com o uniforme da Secretaria de Estado de Saúde, que nega que o boliviano tenha atuado nas unidades estaduais, e também publicações que o vinculam ao Hospital 24h do Fragoso, no município de Magé. A prefeitura de Magé afirma que a atual gestão encerrou o contrato com Iver Luis Peredo em março deste ano por causa de ausência de documentação que comprovasse a regularidade do curso de medicina que ele diz fazer. Ele também chegou a ser homenageado pela Câmara Municipal de Magé com o título de cidadão honorário da cidade. “Mais uma conquista! Agradeço a Deus, minha família e aos amigos. Ao povo de Magé que sempre me recebeu de braços abertos. Obrigado ao prefeito e aos vereadores pela linda homenagem. Em especial o vereador João Victor Família”, escreveu Iver em uma publicação em junho de 2019.