O Sindicato dos Empregados na Saúde denunciou nesta segunda-feira o que chamada de movimento para fechar hospitais psiquiátricos e cortar gastos com este tipo de atendimento e diz que o alvo da vez é o Hospital André Luiz, de Garça, que desde outubro está sob interdição judicial.
Um encontro nesta terça-feira na Câmara de Garça a partir das 14h vai discutir a crise no hospital e as alternativas para manter o atendimento, que além dos pacientes psiquiátricos beneficia dependentes químicos em diferentes faixas etárias.
A interdição agravou dificuldades financeiras, provocou sobra de vagas que beira os 40 leitos e com isso derrubou arrecadação da instituição, que ameaça demitir funcionários e não sabe como será o pagamento do 13º.
Segundo o diretor regional do Sindicato, Aristeu Carriel, o mesmo modelo de pressão já provocou fechamento de uma instituição em Tupã e outra em Itapira e deve atingir outros centros de atendimento. “A interdição corta o fêolo, corta o caixa. E aí o funcionário não recebe, toma medidas, faz greve ou vai à justiça porque também precisa do salário. Aì usam isso contra o hospital.”
O dirigente diz que a pressão sobre todo o setor é feita com repetidas fiscalizações, exigências de investimentos, documentos e serviços que não são cobrados de outros serviços. “É um erro. Hospital psiquiátrico não é caro. Caro é manter presídio, preso custa muito mais que o paciente”, disse o sindicalista.
Aristeu afirmou que a pressão contra o hospital atende duas linhas: novo modelo de atendimento, que tire os pacientes das instituições, e redução de gastos. Nos dois casos ele vê maior risco para pacientes de baixa renda.
A interdição do hospital foi promovida pela Justiça em atendimento a pedido do Ministério Público do Estado que aponta falta de laudos, especialmente do Corpo de Bombeiros.
“Vários prédios de fórum no estado não têm este laudo. Outros hospitais, prédios públicos, empresas, condomínios também não têm. Vão fechar todos? Vão interditar todos?”, questionou o sindicalista.
O prédio apresenta problemas como acessibilidade, forros de madeira, estrutura. “Tudo funciona, o forro não tem goteira, não está embolorado ou caindo. Pode ser feito um planejamento de reforma, mas é caro, leva tempo, não dá para fazer em meses.”
O hospital atende basicamente pacientes do SUS em serviços psiquiátricos e de internação para dependentes químicos em diversas faixas etárias. É a única instituição da região com capacidade para abrigar meninas viciadas.
Foram convidados para o encontro representantes do poder público de Garça, conselhos de profissionais como Crea e OAB, clubes de serviços, funcionários e dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores.