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Só interna se for morrer – Médica denuncia cortes e caos na UPA de Ourinhos

Só interna se for morrer – Médica denuncia cortes e caos na UPA de Ourinhos

“Se o paciente não for morrer, não interna. Não interna!!” A frase é atribuída ao diretor técnico da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Ourinhos, Gean Chryslen Silva da Costa, e aparece um áudio divulgado pela médica Valeska Abud, recém desligada da unidade, que denuncia cortes de serviços e caos no atendimento.

O áudio foi tornado público na última sessão da Câmara. Mostra duas conversas da médica: a primeira com o vereador Edivaldo Lúcio e a segunda que seria uma conversa dela com Gean.

”Não interna!! Manda pra casa, faz receita, não é pra internar se o paciente ficar com coisinha “no” UPA. Só interna se o paciente for morrer. Porque, a gente já mandou tudo que tinha pra mandar, não tem mais canto nenhum na Santa Casa”, diz o homem no áudio.

O caso provoca repercussão e a Prefeitura de Ourinhos divulgou nota em que informa que já enviou um ofício à Pró vida, empresa que administra a UPA solicitando esclarecimento. “Vale ressaltar que a prefeitura tem 110 leitos na Santa Casa para a transferência de pacientes que necessitam”, diz o comunicado oficial.

Na mensagem ao vereador, a média disse que o áudio “deixa bem claro” qual a forma que a instituição quer para atendimento.

“Ou seja, nada de exames, às vezes passa um remedinho qualquer e manda pra casa, internação só se for morrer. Só que não é meu jeito de atender. Desde que ele assumiu eu venho sofrendo muita perseguição”, diz a médica.

A polêmica começou no retorno do carnaval após desligamento da médica, que provocou diversas mensagens de pacientes. A UPA divulgou na época uma nota em que diz que o objetivo principal do atendimento é estabilizar pacientes que dão entrada nessas condições.

“Neste contexto, foram realizados ajustes em seu corpo médico para atender ao perfil assistencial dos pacientes, priorizando profissionais com essa qualificação, que tenham especialização em urgência e emergência. O médico ou médica que não tiver essa especialização, não poderá atender na Unidade, mantendo o compromisso em oferecer atendimento de qualidade e humanizado para a população de Ourinhos e região”, diz a nota.