VIVA O GORDO

Os defensores ocasionais da “liberdade de expressão” e da “imprensa livre” calaram-se diante das agressões e ameaças sofridas pelo entrevistador e humorista Jô Soares. Os senadores do PSDB que se sentiram ultrajados em recente visita à Venezuela parecem achar muito natural que as manifestações de ódio e de intolerância ocorram no Brasil, desde que dirigidas aos seus críticos e adversários. O pecado de Jô Soares? Realizar uma entrevista com a presidenta democraticamente eleita em 2014.

O indisfarçável oportunismo no comportamento dos senadores oposicionistas foi acompanhado do silêncio de editoriais, colunistas e analistas na grande imprensa. A ameaçadora frase pintada na rua, diante do edifício em que reside o humorista – “Jô Soares morra” – foi saudada e também duramente condenada nas redes sociais.

O caso é emblemático do clima de conflito e da violenta discriminação nutridos pelos candidatos derrotados Aécio & Aloysio e seus companheiros de frustração eleitoral. Rancor que não faz bem à democracia e tão pouco ao futuro que desejamos para o Brasil.

 

Terror no Pontal do Paranapanema

Os conflitos agrários e a violência no campo não são fatos distantes e restritos às áreas no interior do País. Os estados da região Sudeste concentram elevados índices de agressões, tentativas de homicídio e assassinatos no campo. A região do Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, é exemplo cristalino. As terras públicas ali foram usurpadas em sucessivas tramoias jurídicas e a expropriação violenta das terras indígenas, e dos posseiros e sitiantes que, desde o fim do século XIX, fixaram-se naquela porção do estado.

No município de Euclides da Cunha Paulista o acampamento Primeiro de Maio de trabalhadores rurais sem terra sofreu o ataque de homens armados que disparam seus revólveres e espingardas contras as instalações, destruíram utensílios e ameaçaram os acampados. Os trabalhadores foram demitidos da Destilaria Alcídia. Reuniram-se em terras abandonadas e que pertenceram à antiga empresa ferroviária (FEPASA). Os trabalhadores estão em busca de oportunidades para permanecer na terra.

Em 2010 a área foi declarada terra devoluta pelo Supremo Tribunal de Justiça. Diante do fato, a agressividade física e simbólica dos grileiros e dos fazendeiros tornou-se bem conhecida na região e a União Democrática Ruralista orienta as ações para assegurar a impunidade dos agressores. Arrogância que não faz bem à democracia e tão pouco ao futuro que desejamos para o Brasil.