Oi gente, mais uma semana chegou, e hoje quero complementar um assunto abordado aqui na coluna, quando eu falei em inclusão… Claro que eu falei em inclusão escolar de todas as crianças independente de suas dificuldades, mas já pensaram o que sofre uma criança, adolescente ou adulto com deficiência física toda vez que sai de casa?
O assunto de hoje é: Acessibilidade!Mas você sabe o que é?“Acessibilidade significa o que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance”. Possibilidade de acesso (ONU), processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade.
Entretanto neste momento estamos interessados na acessibilidade que ocorre no meio em que vivemos, ou seja, Acessibilidade ao Meio Físico que é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Estou muito feliz em poder compartilhar um assunto tão importante quanto acessibilidade no meio físico. Espero poder contribuir e interagir com os leitores do Giro Marília sobre esse assunto tão interessante, e que realmente esta em alta ultimamente.
Mesmo quem não tem deficiência vai se interessar por este assunto, pois os conceitos básicos de acessibilidade são: conforto, segurança e autonomia. Isso não deve ser exclusividade para pessoas com deficiência. Por exemplo: uma mamãe quetem um bebê e sai para passear com seu lindo carrinho, passa por cada uma.
Lembro-me quando tive meu filho há alguns anos e durante a licença gostava de passear nas ruas com meu bebê e seu carrinho… Era uma maratona para sair de casa (ruas de paralelepípedo, degraus altos, lugares com escadas, lugares sem rampas, espaços estreitos onde o carrinho não passava… entre outras coisas). Mesmo que temporário, senti na pele o que passa um cadeirante.
Uma vez fomos em um restaurante novo que abriu perto de casa (eu e minha vizinha que também estava com um bebê novo) e para nossa surpresa quando chegamos ao tal restaurante… 30 degraus de uma longa escada… (risos), fomos embora claro!
Por tudo isso esse assunto é muito mais importante do que imaginamos, afinal em todas as fases da nossa vida, mesmo que inconscientemente, precisamos de acessibilidade. Por isso o arquiteto deve projetar levando em conta a diversidade humana, pois não existe homem “padrão”, somos diferentes, e como sempre escrevo, respeito as diferenças!!!!
Se todos pensassem na acessibilidade sempre, muitos constrangimentos como esse poderiam ser evitados, e ações como as descritas abaixo aconteceriam com mais frequência:
Muitos jovens com deficiência poderiam ir ao cinema, prestar vestibular, assistir aos jogos do seu time de futebol, trabalhar, viajar, se os espaços fossem adequados a eles.
As mulheres gestantes poderiam ir de ônibus ao trabalho, ou ao médico, se os degraus não fossem altos demais.
Um homem acidentado poderia abrir a sua padaria, como fazia todos os dias, atravessando a rua com o uso de muletas, se as guias fossem rebaixadas.
Um senhor idoso poderia passear pela praça para encontrar seus amigos, usando bengala, se, em lugar dos degraus, ali existissem rampas de acesso.
Pessoas cegas poderiam andar livre e seguramente pelas calçadas, se houvesse sinalização para detectarem os obstáculos.
Pessoas em cadeiras de rodas poderiam usar os sanitários de forma independente, se as portas tivessem dimensões que permitissem sua passagem.
Pessoas em cadeiras de rodas também poderiam usar os orelhões, se estes ficassem na altura adequada.
Pessoas que usam muletas poderiam andar livremente pelas ruas, se o tempo do sinal fosse mais prolongado.
É importante termos em mente que as pessoas com deficiência, ou incapacidades, têm o direito de estar nos mesmos locais em que nós todos estamos
Muitas pessoas com deficiência passam maior parte de suas vidas trancadas dentro de casa por falta de acessibilidade, a começar pela calçada que dá acesso às edificações básicas do bairro como: padaria, supermercado, escola, hospitais, praças e parques.
Um ambiente acessível para todos, além de ser um direito, incentiva o convívio entre as pessoas e não causa constrangimentos.
Alguns parâmetros básicos devem ser levados em conta, por exemplo: onde cabe uma pessoa de cadeira de rodas, cabe qualquer outra pessoa: obesa, com muleta, mãe com uma criança de colo ou com carrinho de bebê, idoso com andador, anão, pessoa com o pé quebrado, pessoa cega com bengala ou com cão guia, etc.
Hoje as edificações estão passando por adaptações para se adequar a Norma de Acessibilidade NBR 9050/2004. Nem sempre o resultado é ideal, pois o ideal é que ainda em fase de projeto arquitetônico os conceitos de desenho universal – desenho livre de barreiras arquitetônicas – sejam levados em consideração, pois se o lugar não está pronto para receber todas as pessoas, o lugar é deficiente.
As coisas estão mudando, é verdade!!! Mas são ideais? Longe disso…. Minha esperança e acredito que a esperança de todos vocês é que essas mudanças ocorram o mais rápido possívele que em breve todos os lugares estejam prontos para receber todas as pessoas, independente de sua condição física. È só olhar para os bancos que já estão todos seguindo as normas brasileiras de acessibilidade. Esse é só o primeiro passo, mas ainda falta muito… Ainda bem que adoro aquela famosa frase “ Sou brasileiro e não desisto nunca”.
Não esqueçam que todos nós devemos lutar pela acessibilidade, pois quando um ambiente se torna acessível, adota os critérios e a filosofia do Desenho universal, possibilitando a inclusão, e consequentemente as pessoas com deficiência podem desfrutar de uma vida independente.