O governo federal e a Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação) assinaram acordo para retirar 28,5 mil toneladas de sódio de produtos como massas instantâneas, os pães de forma e as bisnaguinhas,
Essa categoria foi analisada na primeira etapa do acordo firmado em 2011, a única que apresentou número inferior ao divulgado hoje. A redução observada foi de 1,8 mil toneladas de sódio. Agora, a intenção é que haja uma redução ainda maior nos produtos que são amplamente consumidos pelos brasileiros.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados, Cláudio Zanão, disse que o esforço será mudar a reformulação dos produtos, sem alterá-lo.
“Não podemos descaracterizar os produtos. Não esqueçam da expressão “comida de hospital”. Ninguém vai comer se perder as características”, disse.
Além do acordo com a indústria de alimentos, o Ministério da Saúde trabalha com outras frentes para reduzir o consumo de sal. Uma delas é proibir a venda de refrigerantes refil.
Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, pelo menos 1 mil lojas de fast food e outras redes de restaurante oferecem refis aos clientes. A pasta tenta negociar o fim do refil diretamente com o setor. Segundo ele, há um aumento de 30% no consumo quando se compram refis. “Isso vai contra a nossa meta que estamos estabelecendo para a nutrição”, disse.
Desde 2011 a indústria retirou mais de 17,2 mil toneladas de sal dos alimentos quando foi firmado o primeiro acordo com a Associação. Nessa fase, foram analisados rótulos de 718 produtos como linguiças, sopas instantâneas, mortadela, queijo muçarela e empanados.
O maior percentual de redução foi observado nas sopas, que reduziram, em média, 65,15% de sódio por cada 100g de produto. Nas sopas instantâneas, a redução média observada foi de 49,14% por 100g. No queijo muçarela o percentual foi de 23,15%; no requeijão, 20,47%. Na outra ponta, a menor redução média percentual foi nos empanados, 5,7%.
“Estamos acompanhando o esforço voluntário da indústria, temos que entender que isso é uma parceria entre governo e indústria e a motivação é dada pelo próprio consumidor. Considero que estamos cumprindo a nossa meta e vamos fazer um grande esforço para alcançá-la”, afirmou o ministro.
O brasileiro consome atualmente 12 gramas de sódio por dia, mais que o dobro do máximo sugerido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 5 gramas. O ministro ressaltou que o consumo de sal em excesso pode levar a doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade. Essas doenças, junto com doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer respondem por 72% dos óbitos no país.
A redução feita até agora pela indústria é o equivalente a 4.313 caminhões de 10 toneladas carregados com sal, o que preencheria mais de 60 quilômetros de estrada.
Outras iniciativas que estão sendo negociadas é um rótulo que traga alerta para o teor de sódio e açúcar nos alimentos e a inclusão de um dosador em todos os pacotes de sal.
“Com o dosador será possível recomendar as quantidades específicas nas receitas caseiras. Cada pessoa deverá ter a capacidade de controlar. Quando se fala em uma colher de chá, pode ser uma cheia ou mais rasa. Com o dosador, a medida será padrão”, acrescentou Zanão.
O ministério negocia diretamente com os setores cabíveis para que as providências sejam tomadas, mas o ministro afirmou que não descarta que isso seja feito por projeto de lei.