RIO — Em clima de apreensão, de sua casa em Palhoça (SC), o ilustrador argentino Luis Pablo Lassalle acompanha a rotina da mulher, a chinesa Hui Zhang , de 33 anos, e da filha brasileira de ambos, de um ano e meio, na cidade de Wuhan, epicentro da crise do novo coronavírus . As duas estão na lista de 34 passageiros que serão resgatados pelo governo brasileiro.
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— As duas ainda precisam da autorização do governo chinês. A minha mulher e a minha filha terão que fazer exames quando chegarem ao aeroporto para checar o estado de saúde delas. Somente depois disso conseguirão a permissão para embarcar no avião da FAB — explicou Pablo.
“Hoje a noite, horário da China — o país tem o fuso 11 horas à frente do horário de Brasília —, o avião não vai receber a autorização para pouso, esperamos que saia amanhã”, escreveu Lassalle em sua conta no Facebook, às 11h35m desta quinta-feira.
Os aviões estão em Varsóvia, na Polônia, e estariam aguardando liberação do governo chinês.
O ilustrador mora em Palhoça, próxima à Florianópolis, com a família. Uma hora antes, Pablo já tinha publicado que três pessoas da Embaixada Brasileira em Pequim chegaram em Wuhan para ajudar na saída.
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Hui Zhang foi à Wuhan em outubro passado para a apresentar a filha para a famíliia, e pretendia retornar ao Brasil em 25 de janeiro. Dois dias antes, no entanto, o governo chinês colocou a cidade em quarentena por causa da epidemia de coronavírus.
As duas acabaram sendo obrigadas a ficar dez dias sem sair do apartamento por causa da quarentena, e agora aguardam a partida para o Brasil em um dos dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB ) que foram para a China .
— Passei por momentos difíceis. Como as duas não puderam embarcar, tiveram que ficar no apartamento em quarentena. Só tinham permissão para sair em caso de emergência. Para comprar alimentos our ir para o hospital — disse Pablo.
Lassale é argentino e ficou no Brasil. Ao chegar em Wuhan, há três meses para as férias, Hui não poderia imaginar que enfrentaria problemas. As duas aguardam agora para serem repatriadas pelo governo brasileiro nesta semana.
— Passei por momentos de muita preocupação. Minha agonia aumentou quando vi outros países retirarem os seus cidadãos e nenhum movimento do Brasil. Depois, meu medo era de que o Brasil não quisesse trazer a minha mulher por ela ser chinesa. Agora, só penso em ver as duas. A hora que chegarem a Anápolis será alívio total — comemora o ilustrador.
No dia 30 de janeiro, a mulher publicou um apelo em seu perfil no Facebook com a foto da filha usando uma máscara . Em em inglês e em português, Hui escreveu: “Nós queremos voltar casa.” A família reclamou da demora do governo brasileiro em repatriar os que estavam em Wuhan.