Há mais de 130 mil pessoas realizando diálise no Brasil, em cerca de 700 clínicas, de acordo com o último Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Além de serem consideradas do grupo de risco do novo coronavírus (Sars-Cov-2), elas ficam mais expostas por terem que se locomover para receber o tratamento de diálise de três a cinco vezes por semana.
Esse cenário tem deixado especialistas preocupados e o pedido da Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal) é que sejam montados nos hospitais de campanha de todo o Brasil um serviço especial para concentrar os doentes renais infectados pelo COVID-19.
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“Esse é um grupo significativo da população que é obrigado a usar transporte público e transitar para dialisar, se não morre. Eles têm uma exposição maior porque já são mais suscetíveis imunologicamente e, se forem infectados, expõem os demais pacientes das clínicas de diálise – dividem salas com outros 30, 40 doentes; todas as semanas. Em algumas clínicas, chegam a circular 400 até 500 pacientes. Poucos estados, até o momento, planejam criar um espaço especial para internar doentes renais no hospital de campanha. Isso precisa ser implementado com urgência pelos Estados”, afirma Gilson Silva, diretor-geral da Abrasrenal.
Yussif Ali Mere Junior, presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), também mostra preocupação. “Diante desse quadro de pandemia, nossa maior preocupação é tratarmos diariamente de um público com debilidades específicas, aliada ao grande potencial de mortalidade que o COVID-19 pode atingir nesses pacientes.”
Até o momento, há um caso confirmado de paciente renal com COVID-19, nove suspeitos e um óbito entre os aguardando confirmação.