Saúde

Leishmaniose – Prefeitura e conselho defendem eutanásia de cães

Leishmaniose – Prefeitura e conselho defendem eutanásia de cães

A Prefeitura de Marília divulgou na tarde desta segunda-feira um documento assinado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária com defesa do programa municipal de combate à leishmaniose, inclusive a indicação de eutanásia – abate sem dor – para cães diagnosticados com a doença.

A medida é polêmica, rechaçada por algumas ONGs e protetores de animais e tem ainda mais impacto pelo grande número de animais possivelmente infectados na cidade. A prefeitura não divulgou números de eutanásias já realizadas ou programas e nem detalhes de como será o descarte dos animais, outra preocupação no caso.

A secretaria municipal de Saúde utiliza os protocolos do Ministério da Saúde, os mesmos observados pela entidade que representa os veterinários”, diz a nota, que considera a eutanásia como medida “recomendada a todos os animais sororreagentes e/ou parasitológico positivos.”

A cidade vive uma endemia de leishmaniose, com centenas de casos em cães e alguns casos já diagnosticados em humanos. A nota oficial divulga link de um guia desenvolvido pelo Conselho para tratar as questões de saúde pública ligadas à doença.

“Isso indica, pois, que a manutenção desse parasita vivo, aliada à possibilidade de transmissão da LV na presença do inseto, pode levar uma pessoa a se infectar com um parasita resistente às drogas utilizadas no tratamento da LVH.”

O guia responde, por exemplo, que a doença é transmitida por um flebotomíneo específico (inseto muito pequeno – 3 mm), de voos curtos. As características assemelham o vetor aos mosquitos, porém suas larvas se desenvolvem no solo úmido e em matéria orgânica – não na água, como os mosquitos comuns.

“Os cães são considerados o principal reservatório urbano. Isso porque suas características imunológicas e bioquímicas permitem uma alta multiplicação do parasito nos órgãos hematopoiéticos, o que garante uma concentração significativa de parasitos na circulação periférica do animal e, por consequência, facilita que o parasito seja sugado por um flebotomíneo na ocasião do repasto sanguíneo”, explica o Conselho de Veterinária.

Outro fator a ser considerado é a possibilidade de o tratamento canino acarretar o desenvolvimento de resistência do agente Leishmania. ”Estudos experimentais indicam que parasitas isolados de cães apresentam baixa susceptibilidade às principais drogas comumente utilizadas no tratamento da Leishmaniose Visceral Humana (LVH)”.