O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP divulgou recentemente os resultados, bons e ruins, de uma pesquisa sobre o uso de vermífugos no combate à Covid-19 .
De um total de 65 medicamentos analisados, dois demonstraram capacidade de inibição seletiva do novo coronavírus (Sars-coV-2). Por outro lado, dois vermífugos que vêm sendo amplamente apontados como possíveis curas para a Covid-19 (ivermectina e nitazoxanida) não tiveram desempenho satisfatório.
O objetivo da pesquisa era testar o potencial de uso de drogas já disponíveis para a prevenção ou o tratamento de infecções pelo novo coronavírus , dentro de uma estratégia conhecida como “reposicionamento de fármacos”.
A substância mais promissora identificada no estudo foi o brequinar , uma molécula que não está no mercado, mas é bem conhecida da indústria farmacêutica. A segunda foi o acetato de abiraterona , um antitumoral usado no tratamento do câncer de próstata.
Já a ivermectina e a nitazoxanida mostraram ter atividade antiviral in vitro, porém não seletiva. Em outras palavras: elas eliminaram o vírus das amostras, mas também mataram as células, o que não as favorece como candidatas para o combate à Covid-19 .
No caso da nitazoxanida, mais conhecida como Annita , o vermífugo reduziu em 94% a carga viral do SARS-CoV-2 em células in vitro. Com base nisso, o Ministério da Ciência – ao qual o LNBio é vinculado – lançou em abril um estudo clínico para testar o uso da mesma na prevenção e tratamento da Covid. A meta é recrutar 500 pacientes com sintomas leves e outros 500, com sintomas graves.
Vale ressaltar que, o fato de uma substância funcionar contra o vírus num experimento in vitro (numa cultura de células) não significa que ela vá funcionar da mesma forma in vivo (no corpo humano). Portanto, os pesquisadores alertam que não é recomendado nem há motivo para que as pessoas utilizem qualquer um dos medicamentos mencionados com o intuito de se proteger da Covid-19 . Além de não oferecer proteção, os remédios podem causar danos à saúde, quando usados sem necessidade e sem supervisão médica.