Saúde

Prefeitura usou informações antigas sobre eutanásia de cães, diz Conselho

Equipes examinam cão em busca de casos de leishmaniose em Marília – Divulgação
Equipes examinam cão em busca de casos de leishmaniose em Marília – Divulgação

A polêmica sobre eutanásia de cães com leishmaniose em Marília passa longe de acabar. Menos de 24 horas depois de a prefeitura divulgar nota com defesa do procedimento baseada em documento do Conselho Federal de Medicina Veterinária, o órgão publicou uma resposta em que acusa uso de informações antigas – e erradas – sobre o caso.

As informações da prefeitura estão baseadas em um guia do conselho, disponibilizado na internet. Mas a  nota do conselho mostra uma repetição de enganos que levou à baderna de informações sobre um tema tão polêmico.

A prefeitura buscou na internet a orientação do órgão, sem contato direto com pedido de parecer. E o conselho, que mudou sua avaliação sobre o tema, não tirou do ar o tal guia.

“Desde que o registro do medicamento para o tratamento de LVC foi autorizado, o documento foi retirado do Portal CFMV, mas um link permanecia ativo por engano”, diz uma nota distribuída pelo Conselho nesta terça-feira. O link antigo – errado – permanecia ativo hoje às 11h30.

A crise é provocada porque o medicamento é muito caro, o tratamento é longo e o cão segue como reservatório do vírus enquanto está em tratamento.

Mas o cão não é transmissor. Para que humano seja atingido é preciso que o cão seja picado pelo mosquito Palha, como o transmissor é conhecido. Para ONGs e protetores de animas, a solução é combater o mosquito e não matar os cães.

A divulgação das informações no início da noite desta segunda (20) provocou reações inflamadas na internet.

“Estão sacrificando os animais. Mas nenhuma atitude estão fazendo para combater o mosquito. A cidade está um caos, lixo, mato, e nada é feito. Uma vergonha”, disse uma protetora.

“Adianta acabar com o reservatório se o mosquito se alimenta da sujeira que a população deixa em seus bairros? Na verdade o mosquito não terá escolha , agora se mata o cão ficando só os idiotas pra picar!!”, publicou outra.

Marília vive uma endemia de leishmaniose, com indicação de centenas de cães doentes. Desde o final do ano passado o primeiro medicamento para tratamento da doença teve seu uso aprovado no país.


Publicação usada pela prefeitura tem informações antigas e contestadas até pelo Consleho que publicou o guia – reprodução

Veja a íntegra da nota distribuída pelo Conselho:

Viemos informar que a matéria “Leishmaniose – Prefeitura e conselho defendem eutanásia de cães”, publicada em 20 de março de 2017, não reflete o posicionamento do Conselho Federal de Medicina Veterinária, como foi informado pela Prefeitura de Marília: http://www.giromarilia.com.br/noticia/saude/leishmaniose-prefeitura-e-conselho-defendem-eutanasia-de-caes/8722. 

As informações divulgadas pela prefeitura se baseiam num texto produzido unicamente com o objetivo de esclarecer a população no ano passado, antes que o tratamento para a Leishmaniose Visceral Canina (LVC) fosse autorizado no país. Atualmente, o documento passa por uma atualização, para se adaptar às recentes mudanças.

Desde que o registro do medicamento para o tratamento de LVC foi autorizado, o documento foi retirado do Portal CFMV, mas um link permanecia ativo por engano. O erro já foi corrigido e informado à Prefeitura de Marília, que já retirou o texto do site e se comprometeu a retificar as informações..

Tendo em vista estes esclarecimentos, e considerando que os leitores deste site confiam nas informações divulgadas por meio da mídia que são atribuídas ao CFMV, e que se trata de um assunto de saúde pública de grande importância cujo esclarecimento da população é fundamental, solicitamos a correção da reportagem do site Giro Marília.