Não há cura. Não há estruturas públicas adequadas para atendimento. Há poucas clínicas privadas. É assim, sem muita esperança, que famílias de 1,2 milhão de brasileiros vivem com pacientes portadores de Azlheimer, uma doença degenerativa do cérebro que leva a um estado de perda de memória, de capacidade cognitiva e motora e lentamente tira pessoas de suas vidas e famílias ainda em vida.
Apesar do quadro grave e de poucas opções, existem medidas que podem ser tomadas para atrasar e até mesmo impedir seu surgimento, combatendo alguns dos fatores agravantes.
“É possível controlar os fatores de risco como a pressão arterial, a glicemia, o colesterol, o índice de massa corporal (IMC), combatendo o tabagismo, e modificando os hábitos de vida. Também é importante manter uma atividade física regular e programada, atividade social e atividade intelectual ao longo de toda a vida, alimentação saudável com uma dieta balanceada, controlar o uso de drogas: medicamentos, especialmente os sedativos, álcool”, destaca o clínico geral e geriatra Ricardo Komatsu.
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Após os 65 anos o risco de desenvolver o Alzheimer dobra a cada cinco anos. Além disso, as mulheres parecem ser mais propensas à doença. O fator genético também contribui. Outros fatores de risco são: hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo.
Associado fundador da Abraz (Associação Brasileira para o Alzheimer), Komatsu explica que não se conhece ainda a causa da doença, entretanto sabe-se que algumas lesões cerebrais são características dessa doença como produção anormal de placas senis (formadas pelo depósito de uma proteína no espaço entre os neurônios), emaranhados neurofibrilares (resultantes da hiperfosforilação da proteína tau), redução do número de neurônios (células cerebrais), sinapses (ligações entre neurônios), além da redução progressiva do volume cerebral.
Mesmo sem a cura, alguns medicamentos e técnicas permitem retardar o avanço, buscar controle dos sintomas e até garantir mais qualidade de vida aos pacientes e familiares. Ainda assim é um desafio: diagnosticar o início da doença.
“As alterações iniciais podem ser sutis e nem sempre a doença se inicia com perda da memória recente. Pode envolver outros domínios cognitivos como a orientação visuoespacial. Não é fácil estabelecer claramente o limite entre um comprometimento cognitivo leve e a demência leve. Isto requer uma avaliação clínica especializada e não limitada a exames complementares (sangue, líquido cefalo-raquidiano, e neuroimagem, como a ressonância magnética)”, afirma o médico.